Sou filha da noite
e no seu regaço
embalo todas as palavras
que comigo se deitam por prazer.
Não acordo as estrelas
com os meus gritos mudos
nem perturbo o sono da lua
com o meu pranto morno
quando me deito.
Na noite...
sou silêncio na voz
e as palavras que escrevo
com a boca orgulhosamente fechada
respiram pelos meus dedos
enquanto não amanhece no meu rosto.
Mas quando acordo para o mundo
abandonando todos os sonhos na escuridão
sei que estas palavras
que fielmente calo na garganta
gritarão para sempre deitadas no meu leito
por um amor
que a poesia numa noite
quis ver nascer solitário e vagabundo.
Daniela Pereira-29/08/06