segunda-feira, abril 25, 2011

A liberdade já não se escreve sem um soluçar...

Foto retirada do cartaz de comemoração do 25 de Abril de 1974




A liberdade já não se escreve

com o perfume dos cravos...

andam à solta rosas carpideiras

que pedem pão para a boca

porque os filhos têm fome.

Nas paredes permanecem gritos de revolta

que a geração de hoje

carimba com frases curtas.

Na garganta as palavras não escorrem

falta água para as levar livremente

até ao fim da rua.

Não há religião que salve o ladrão

que te vai roubar...

Há dinheiro nos sonhos de quem trabalha

mas alguém fez buracos nos bolsos

e não há migalhas para distribuir

pelos que suplicam uns míseros tostões

porque há frio na rua.

Há quem queira correr o mundo por aventura...

e quem já não encontre no seu país uma porta aberta para o futuro...

Morremos longe

porque a pátria já não nos acolhe de braços abertos e com comida na mesa.

Somos o manjar da bela Europa....

A liberdade tem no pensamento a sua maior força...

e os novos cravos que supostamente nos querem salvar da bancarrota

enchem a barriga com caviar antes de apregoar a sua revolta.


Daniela Pereira

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