Tenho saudades...
Saudades de expor apenas para ti
a minha vida em minutos
como se ela fosse uma curta metragem
que gostavas de ver despida na tela.
Não fiz pipocas para esta sessão de cinema
mas as minhas palavras
também estalam nos dentes
basta que as trinques com força.
Nos olhos guardo religiosamente uma pedra de sal
e se hoje não as quiseres tão doces
posso derramar uma lágrima
para as deixar ao teu gosto.
Mas agora não penses nos sabores
que te darei a provar
e deposita apenas na cadeira o teu corpo tenso
que eu vou baixar as luzes
e relaxar-te com carícias nas palavras.
Não temas mais a escuridão que foco no olhar
porque ela nunca será tua
e porque aprendi a afiar os olhos como tesouras
para recortar as nuvens
em mim apenas encontrarás luz.
Estás bem assim?
Ainda te sentes confortável no meu mundo?
Então, deixa-me aquecer os dedos
com o ar quente que me sai da boca fria
e escrever na pele um novo guião
para o filme da minha vida.
Mas não quero que me obriguem
a imaginar finais numa história que se quer infinita
porque só para respirar saudades permitirei intervalos.
Blue-02/03/06