segunda-feira, maio 21, 2007

A implicância de um desejo



Tenho estrelas cravejadas nos dedos
E uma meia lua
Entalada nos dentes…
Se eu engolir o sol…
Será que me nasce o céu na garganta?
Naquele dia
Em que ousei engoli o mar…
Nasceram-me flores salgadas nos olhos…
E eu ainda acredito.

Daniela Pereira





terça-feira, maio 15, 2007

Vamos falar de amor...calados?



Imagem by DeviantArt -tell me something by ~ashnicsunday

O tempo passa e o coração permanece parado
Estático na sua timidez de amar…
Ávido por uma batida mais intensa
Por um fôlego apressado..
Por um toque na pele sentido na boca.
O amor não pensa…
O amor entrega e rouba
Tudo o que é racional…
Prende-te os sorrisos
Com teias de mel…
Amarra-te os sentidos
Com abraços sem folga..
Bebe-te o olhar
Com dois copos de vinho branco bem servidos.
Devora-te o peito
E tu lambes os restos que amores antigos deixaram
Ansioso pelo gosto de uma nova sobremesa.
Como mostramos o que sentimos ao amar?
Como se pinta o tecto com beijos multicolores
Usando o vermelho como fundo na tela?
Como se respira devagar
Quando os pulmões
Fazem redemoinhos com ar na boca?
O amor não pensa…
Fecha os olhos à noite
E a tua imagem vem-lhe à cabeça
Como um sonho bom
Que cortas em pedaços
Para saborear com sumo de limão.
Amas demais…
Esqueces tudo à tua volta
E só vês um corpo
Esculpido nas sombras…
Todos os rostos
São monótonos
Se não são aquele rosto
Que idealizaste em ti.
Todos os beijos
São iguais…
Sabem a pouco
Se os teus lábios
Não estão despidos
De beijos passados.
Então amas com cuidado…
És frágil nas entregas
Porque o teu coração dos portões de ferro
Fez portas de cristal.
Amas com o coração
Mas amar... fode-te sempre a cabeça

Daniela Pereira-15/05/07




domingo, maio 13, 2007

Comunicado




Olá caros amigos do Devaneios


É com imensa pena que venho hoje aqui fazer este comunicado a todos vocês...
Infelizmente, já não haverá lançamento do livro Curiosamente Obsessiva por Afectos como tinha anunciado.
Lamento muito, só agora poder estar a dar esta notícia, mas devido a problemas surgidos de ultima hora com a Editora.Não me sentiria bem comigo mesmo se avançasse com este projecto.
Por isso mesmo, decidi que ele deixaria de existir.
No entanto, não queria deixar de agradecer a todos vocês que nestes ultimos tempos têm sido incansáveis no carinho e estima que me têm oferecido.
E quero dizer e prometer aqui...que o que aconteceu não será motivo para eu desistir de acreditar no meu trabalho e no sentimento que transmito nas minhas palavras.
Amo a poesia..sou uma apaixonada pelas palavras e pelas emoções que elas encerram e nada...mesmo nada me fará calar esta paixão.
Por isso, estarei em breve de regresso com um novo projecto e nessa altura sei que todos os que acreditam no meu valor ainda aqui estarão em silêncio aguardando o meu grito.
Obrigado...

beijos


Daniela Pereira

quinta-feira, maio 03, 2007

Inspiração invertida





Apagam-se as luzes
Com as estrelas
Encaixadas nos quebra-nozes.
A noite enfeita-se de negro
Porque as memórias
Só dão filhos na escuridão
E a lua é a madrasta má
Dos meus sonhos de encantar.
Fecham-se os olhos
Porque o dia
Tem luz a mais
Para leres estas linhas tão sombrias.
Morram as sombras
Que as paredes querem-se nuas!
Deita-te no chão…
Quero ficar a desenhar a carvão
O teu corpo vestido de asfalto
até ficar sem pilhas nos dedos.




Sprout
By Joanna Newsom
Best Video Codes



Tens ganas pelo limite?
Então saltamos os dois despidos de miolos
daquele penhasco afiado
De onde gritei um nome esquecido
3 vezes sem o cansar.
Depois deixo que
Grites 5 vezes o meu novo nome
Quando o chão nos abrandar a queda
E te partir os dentes.
Não acreditas nas minhas doces promessas?
Não tenhas medo de me deixares com feridas profundas
Porque há muito que a escuridão
Esfola-me os joelhos.
E se é verdade que nas minhas veias
O sangue corre com pressão alta nas despedidas…
É mentira dizer que o meu coração explode
Só porque tu também me vais dizer adeus no fim da corrida.
Já rasguei muitos quilómetros
Com ele em bicos de pés…
Chegar a ti
É só mais um metro de alma perdida.


Porque me perfuras o ventre
Com flashes lânguidos
E não me abres à queima-roupa?
Odeio esperar desejos
Com a saliva batendo-me à porta!
Dizes que estou a chorar?
E então?
Bebe-me as lágrimas num copo
E imagina-me a soltar gargalhadas pelo nariz!
Eu tenho espaço na minha boca
Para os teus beijos
E quero-os já!
Hoje a poeira do chão
É só minha…
Amanhã serás tu o pó
Que ficará por soprar.

Daniela Pereira