Olho para o relógio
mas o tempo distorceu a matriz das horas...
Agora só o teu respirar
me condensa as vertigens no peito.
Dobras-me a boca
e os meus beijos rezam alto
todos os seus pecados
ajoelhados na verdade da tua língua.
Desistir da defesa e deixar o teu corpo
acorrentado ao meu...
Desistir adormecida no suor das tuas costas...
Nada tem de mal agradecido.
Há nos teus olhos um azul que transborda a infinito
prestes a desfazer-me na bravura das suas margens.
Avanças-me os sentidos e eu recuo as minhas pernas.
Renegado o amor que me atravessava o tempo ...
Querer-me a pulsar dentro de ti
é morrer em paz.
Daniela G. Pereira
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