quarta-feira, abril 28, 2010
melodias discretamente incertas...
Fechar os olhos...respirar...paz...nuvens negras vão suspensas lá ao fundo...bem lá ao fundo...
...Que venha a paz quando abrir os olhos devagarinho....silêncio que a alma respira por fim...
terça-feira, abril 27, 2010
The puppet mirror...
Já não tenho cordas para controlar os meus gestos...
Já não tenho espelhos por partir...
todos os vidros já me rasgaram a pele e desenharam-me a alma outra vez...
Se vi o luar à luz de um rio impuro...hoje ainda me ardem os olhos por ter mergulhado a seco em ti...
Marioneta dos sentidos e dos prazeres adiados deixa-me dançar ao som dos meus desejos...
Estou cansada de fantasmas que me assombram os beijos e me atropelam a ternura como se fossem camiões desgovernados a pedir um corpo por um fio...
Já não tenho tesouras presas aos meus dedos...cortei-me fundo e esvaziei-me de veias mornas...
Daniela Pereira
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domingo, abril 25, 2010
Ainda é Abril...
Em todas as cinzas plantei cravos vermelhos e arranquei espinhos profundos....
e tudo o que jamais fui capaz de soprar ergue-se hoje mais livre de culpas e correntes...
Em todas as grades derrubei sólidas prisões da alma com uma caneta revolta em aromas passados e uma pomba de asas abertas esvoaçando no peito coberto de areia..
Em todas as ruas por onde passei rasguei-me de paixões e remendei-me com ilusões e sonhos a granel...
Ainda bem que existem canteiros com flores e sorrisos de sabão para combater a feia escuridão que espreita lá fora!
Em todos os amores que abracei nem a pele ficou por vestir nos ternos abraços...e se lágrimas chorei foi por não me sentir crente que alguns amores tivessem a palavra liberdade escrita na testa...
Ainda bem que existem letras negras para eu forrar as fendas das paredes e corações vermelhos com gosto a rebuçado...
Digo adeus às lutas amargas porque hoje é Abril e ainda ficaram tantas flores por despir...
Daniela Pereira
Direitos de autor Reservados
terça-feira, abril 20, 2010
Sublinhados...
De todas as marcas e símbolos do quotidiano....escolhi o ponto final como prova da minha vontade mais formosa...
O ponto..sem curvas incorrectas nem virgulas amestradas...és um ponto final no meu caminho reticente..
E em todas exclamações que já dedilhei na guitarra de fumo..tu foste o espanto mais desafinado do meu peito...
Dou pausas no prazer e sigo serena nas minhas páginas de sonhos revestidas...
Sei que tenho uma pergunta irregular algures à minha espera...mas prefiro saltar os pontos de interrogação que me deste.
De todas as marcas...escolhi o ponto final como valor supremo na minha boca...
Daniela Pereira in Sublinhados
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sábado, abril 10, 2010
"De azul se faz mais um pouco de cor
...E eu aqui fico imersa em devaneios e alguns paleios menores...
Não gosto deste mundo tão certo que não me faz vénias quando planto papoilas nem me beija a mão quando desenho borboletas com a ponta dos dedos e digo adeus à nuvem cinzenta que caminha distraída com o seu passo a saber a chuva...
Pode chover que eu não me importo...
conheço as minhas lágrimas de sal como conheço os ceus azuis por onde já bailei destemida com a mente seca de pensamentos e o coração cheio de mais alguma coisa que ontem era coisa nenhuma...
Pode chover que eu não me importo...
as pedras são para aqueles que perderam a vontade de voar e eu gosto de amar com gotas de chuva...
E eu posso ser pequena neste mundo bafejado de gigantes mas jamais estarei só..
Embalo sonhos na minha sombra e os ventos fazem castelos nos meus cabelos enquanto faço serenatas ao bicho papão ...
E eu tenho um certo gozo em ver-te contente imaginando que embrulho folhas de papel como quem faz um laço ao sol da Primavera bem apertado para ele não mais fugir..
e lá fico perdida no horizonte de Inverno a ver chegar os pássaros de luz com melodias de areia...
no meu mundo...no meu mundo...
Daniela Pereira in "De azul se faz mais um pouco de cor"
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sábado, abril 03, 2010
Papoilas
Por todas as palavras que não disse...
Ficaram papoilas por florir e rosas por murchar...
Mas o vento fez-me a vontade e levou para longe os teus silêncios amargurados
e enquanto o vento sopra...já não há mais nada por dizer.
Fecho a janela às madrugadas vestidas de branco...
Daniela Pereira
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