Há muito tempo que não olho o mundo de frente...
Viro-lhe as costas ou fico parada a vê-lo girar
como se o meu cérebro fosse o refúgio espiral de uma vertigem
e a minha boca fosse um poço sem fundo...
Quebro no tempo as mais pálidas muralhas de aço
e nos minutos que não penso, promovo um festim de ignorâncias aparentes.
Solta-me o grito da garganta mas a lua na escuridão não se comove
tem o luar congelado na frieza das minhas lamurias que o coração em ti despromoveu.
Há muito tempo que não me encosto a uma parede
para desenhar sombras no corpo e dar ao espaço aquele sórdido vazio.
Talvez tenha perdido a cor naquele mar de cinzas
que um dia por ti de olhos fechados atravessei...
Caiu-me o oceano no esgoto fétido das memórias.
Daniela G. Pereira
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