segunda-feira, março 26, 2007

Amanhã...é sempre cedo demais




Não me digas
com esse ar frenético
que eu te levo ao céu
quando montas nas minhas pernas
porque eu atiro-te ao chão
nesse mesmo segundo.

Por isso
ouve bem o que te digo
enquanto ainda consigo
trincar com calma
o teu ar afoito…

Se eu soltar a minha alma esta noite
não será o teu corpo
que a irá prender entre 4 paredes
e 5 grades de ferro
hoje não chegam
para encerrar as asas
que o meu coração
ontem amarrou às cegas ao pensamento.
Por isso
até que o dia nos corte às postas o desejo
e nos arrefeça irremediavelmente os beijos…
Deixa-te ficar
estupidamente em silêncio
aqui abandonado
no chão da minha boca



Daniela Pereira-26/03/07

quarta-feira, março 21, 2007

A poesia não tem mais alma






Nas palavras um coração não bate
e o palpitar de uma letra
numa folha de papel
é tão lento e sossegado
que nem o escutas...
Mas se soprares um doce verso
Com o teu ar enternecido
O sangue do outro ferve mais depressa
E palidez do teu rosto
É mais uma miragem
Que jamais verás...

WORDSONG-OPIÁRIO





Faço uma coroa com as palavras azuis
Que me costumam enfeitar os cabelos
Mas distraída como sou
Esqueço-me que as palavras que o meu coração sente
Não são mais do que rosas disfarçadas
E todos os meus beijos
Pintam-se de sangue
Quando a língua
Se despede de um céu
Que sangra no alto da tua boca.
Depois ....
invento um poema com os teus olhos
Igual a tantos outros
Que imaginei a acordar
dos braços de um sonho meu
E a escuridão sem ti
Já não me assusta..
Porque tenho a lua na memória
E dos sorrisos retalhados
No acaso de uma estrela
Que não cai
Tenho a lembrança...
Do meu choro perdido..
Posso escutar mil vezes o eco
Se o sono não vem...
Do meu riso
Sei prever o rasgar dos lábios
Que colo à força
Quando um sorriso
Insiste em ir mais além ...
Dos meus dedos
roubo canções de embalar
que a noite escreve em segredo
só para não perturbar o sono de um anjo
temendo o despertar do diabo
que como mulher escondo nas sombras

Com a poesia mal alinhavada ao peito
cometo todos os crimes
Que o meu corpo incansável sempre deseja.
Mas se a alma por vezes
Recusa-se a ir por aí
Vagabunda e com rumo incerto...
Então eu rasgo a realidade com os dentes
Sem me importar com os restos
Que deixo á vista de todos no chão.
E mesmo que me digam
Que sonhar solitária é uma prisão
Levarei os poemas
para trás das grades
quando o sonho acabar.
E se a poesia
um dia perder-se na minha alma
Saibam que amarei ainda mais cada palavra
Que encontrar carpindo as dores do mundo
em silencio no meu corpo.

Blue-21/03/07