Este corpo é carne envolvida
em seda macia ao toque.
Esta alma é uma escultura de vidro
transparente aos olhos que a imaginaram sem defeitos.
E as tuas mãos o que são?
Uma perfeição esculpida com dez dedos delicados
que desvendam os segredos da minha pele
com os olhos fechados.
Posso jurar-te sem mentir
que eles sabem a mar
quando os lambo das tuas mãos
à luz das velas apagadas.
Essas tuas mãos são tão quentes...
É como se as tivesses posto na brasa
antes de as derreteres no meu umbigo.
E como são belas...
Mais belas que aquele jardim
que encontramos escondido nas nuvens
onde tu e eu
caminhamos salpicados de areia branca.
E esse beijo com gosto furtivo?
Ai, esse beijo...
Levou-me à lua num milésimo de segundo
enquanto os meus lábios explodiam numa paixão acalorada.
Roubou-me os sentidos
quando a tua língua
se enrolou na minha
e lá ficou mastigando calmamente
a minha boca macia.
Então lembro-me vagamente
de me deixar cair nos teus braços
na certeza que me abraçavas.
E ali fiquei suspensa por longos momentos
numa queda em câmara lenta
até ouvir o tempo desiludido
sussurrar-me ao ouvido
que o meu sonho chegara ao fim.
Nesse instante abri os olhos
e senti frio em plena noite de verão
Daniela Pereira