Porque as palavras fortalecem laços
e rasgam distâncias com a ponta dos dedos
Gravo a minha pele nestas linhas e
escrevo para ti com a alma vendada
a deslizar no papel .
Não olho as estrelas esta noite
porque aborrece-me o seu pálido brilho.
Prefiro abrir o peito com o bico da caneta
e deslumbrar o olhar com a luz
que encadeia este cego coração.
Tremer o corpo desde os dedos dos pés
até à raiz dos cabelos
imaginando o teu cheiro
impregnado na roupa
atirada para o chão.
Desaparafusar todos os pensamentos
cravados na cabeça bolorenta.
Varrer as teias de aranha
instaladas no tecto
e apagar todas as linhas da vida
por mim cruzadas na palma da mão.
Pinchar a boca com palavras rubras
e gritar para os meus sonhos amordaçados
que chegou a hora de voar.
De erguer as asas que teci
com penas de ilusão
e percorrer o resto do mundo
embalados num mar de tinta preta