domingo, maio 15, 2005

Poetisa


Ser poeta é ser corpo
e amar com a alma.
Ser poeta é prender o tempo
com três suspiros imortais
desfalecidos na garganta.
É sorrir para a solidão com os dedos pingando palavras
e fazer do mundo o seu sonho apenas com uma folha na mão.
Palmilhar todos os recantos
do coração despido
com uma caneta
espetada na pele.

Nos espaços vazios
que separam todas as letras
ocultar as batidas mais fortes
que lhe arrancam o peito.
Com frases curtas somar segredos
como se fossem pequenos grãos de areia
e com eles construir uma montanha
nos lábios da madrugada amordaçada
por beijos ruidosos.

Num verso sonhado
com a cabeça pousada na realidade
as lágrimas não sabem a sal
e a água que os olhos derramam no papel
queima a boca quando provada.
O fogo que lavra nos dedos
incendeia todas as folhas escritas
com o sangue servindo de tinta.

Entre dois sussurros
e um grito de prazer
debaixo de um lençol de seda.
faço nascer um poema
e não sou poeta.

8 comentários:

Anónimo disse...

Ser POETA é tudo isso e muito mais, ser POETA é... Bem escrito este seu poema. Bem haja. Maria do Céu Costa.

DT disse...

Olá Daniela,
Há muito tempo que não te comentava, espero que esteja tudo bem.

"Palmilhar todos os recantos
do coração despido
com uma caneta
espetada na pele."

Palavras para quê? Está fantástico!
Bjs

blueiela disse...

Maria do Céu,

Olá! Dei um saltinho no teu cantigo de poesia e gostei muito:)

Queria agradecer-te pelas palavras amáveis que aqui deixaste.


beijos

blue

blueiela disse...

Duarte


É verdade já lá vai um tempinho desde a última vez que nos cruzámos;)

Não te vou dizer que está tudo bem comigo...mas vai ficar!

Obrigado pelas palavras entusiastas...fico corada com um apreço tão fortificado :)Muito bom de receber!


beijos

blue

Anónimo disse...

Entre dois sussurros
e um grito de prazer
debaixo de um lençol de seda.
faço nascer um poema
e não sou poeta.

Qum disse que não és poeta?

blueiela disse...

Luís,


Que bom ter-te aqui!:)

Não me sinto poeta...apenas alguém que anda sempre com a alma presa ao papel e com as palavras a fervilhar nos dedos.
Se isso faz de mim poeta?Não sei, mas sei que todas as palavras que recebo de incentivo conseguem manter-me com a caneta na mão;)

Obrigado pelo teu carinho!


beijos

blue

Anónimo disse...

É duro sentir o mundo como o sentes. Com o coração nas mãos e o sangue na caneta. Mas é sublime e grandioso.

Não me esqueço que foi nesse tempo sem tempo da tua poesia que nos cruzámos a primeira vez e aí ficámos muito tempo.

És como a lágrima que teima em cair, como a flor que desabrocha e nos encanta, como o amanhecer que chega e nos devolve a luz.

Fica por aí para nós...


Ana

Porcelain disse...

Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.

Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!

Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas

E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma pra sentir
A dos poetas também!

Florbela Espanca

:) As palavras, por vezes, podem ser só gavetas... ser poeta ou não ser não é importante, se a escrita te preenche e te faz produzir coisas fantásticas como esta! Beijinhos grandes

Lenita