quarta-feira, dezembro 14, 2005

Cicatrizes pausadas




Dispo a alma ao som de uma melodia
e vou espalhando as emoções desordenadas pelos cantos da sala
tentando tornar o corpo mais leve.
Teceram uma teia nos meus pensamentos
e ela é complexa
esculpida com cruzamentos que parecem não ter fim
por onde caminho mais perto do infinito
com passos arrastados.

No olhar pinto uma melancolia rotineira
e fujo da monotonia dos meus dias
viajando à velocidade do som
entalada na corda de uma guitarra estridente.
Vou a meio da canção
mas não a deixo avançar
e prendo-a nos meus dedos
obrigando-a a recuar no tempo.
Pedindo para não acabar
com esta ilusão aconchegante
de sonhar com a cabeça pousada numa nota
vou despindo a alma com gestos suicidas
e acolho mais uma música cicatrizante numa ferida do peito.


Blue 14/12/05

4 comentários:

Anónimo disse...

é impressionante como alguém se consegue enganar a si próprio e aos outros.
que tristeza.lamentável.
personagens de papel, pois o papel inventa-se, para as fazer respirar.

blueiela disse...

Eu não invento sentimentos...eu apenas sinto e tudo o que eu sinto é real não é inventado.
Podem até ser sentimentos não correspondidos, porque ninguém escolhe quem ama mas não admito e é mesmo não admito que me digam que não os sinto ou que me engano a mim própria com palavras muito menos aos outros.
Fica com a tua opinião, porque não passa disso já que não me conheces (mesmo que penses conhecer)que eu fico com a verdade...

lobices disse...

...beijinho de Feliz natal

blueiela disse...

Um Feliz Natal para ti também Lobices :)
Que os teus desejos sejam realizados e que o mundo seja mais sereno...


beijinhos ternos

blue