Não consegues matar as palavras
que fluem dos meus dedos
com simples pedras
atiradas com raiva
porque mesmo ferindo o pensamento
no meu coração tu não tocas.
Não sabes sujar um rio de sentimentos
que corre na direcção do peito
com palavras poluídas.
Porque se ele nascer
nas profundezas da alma
terá sempre pureza nas suas águas.
Não sou melhor do que ninguém
só porque sinto prazer
ao colher duas palavras
e com ela unidas num ramo
oferecer abraços à pessoa amada.
Sou apenas humana...
E como humana que sou
preciso de uma folha de papel
com ar vagabundo
e olheiras marcadas nas margens
para chorar e rir ao mesmo tempo.
Assim, com apenas um gesto
transformo cada segundo
cravado no ponteiro do meu relógio
num oceano de emoções intemporais
que poucos conhecem bem.
Sou livre nos meus desejos
e sei sonhar sem temer inimigos
que me possam assombrar
porque sei que com a ponta de uma caneta
descrevo a minha vida
com a sinceridade sempre orgulhosamente destapada
E se um dia
sentir que engoli demasiado sal
para conseguir flutuar docemente
num mar de poesia
Então não te preocupes
que dos meus beijos nunca deixarão de brotar poemas.
Daniela Pereira- 22/12/05
7 comentários:
o papel deu-te cor
iluminou-te os passos com a frescura da primavera
e mesmo que o inverno te esteja entalado entre as unhas
poderás sempre abandonar a cor do papel
Venceslau Fernandes
vivam as palavras soltas nesse curso de rio até ao mar da tua sensibilidade...e brotem algures no brilho de olhar de quem as colhe...
Gostei especialmente dos dois primeiros versos, bem profundos.
Obrigado pelo apreço e pelas palavras reconfortantes:)
um beijo poético
blue
Olá Daniela, passaste um bom ano?
Em primeiro lugar quero esclarecer uma coisa, não respondi logo ao teu convite de mandar uma imagem minha porque só há dois dias atrás tive acesso à minha conta de e-mail. Por incrível que pareça, o ano passado, uns meses depois do computador sair da reparação, a humidade destruio-lhe os circuitos internos, felizmente o disco rígido escapou. Não tenho ideia há quanto tempo enviaste o e-mail, mal o abri, veio logo uma multidão de mensagens, quase todas com fins publicitários. Não quer dizer que não venha a aceitar o convite, só preciso de tempo para conseguir uma imagem minha mais decente e actual. Quanto ao poema, não é por acaso que deixo aqui este comentário, reparei na sua data, mesmo no fim. É verdade que foi escrito a 22 de Dezembro de 2005? Se foi escrito nessa data, é exactamente o mesmo dia que faço anos, até parece que passou pouco tempo. No entanto, tirando o pormenor da data, não deixo de reparar no teu talento para manipular palavras e ideias. Continua assim, atendendo aos teus restantes escritos, há uma evolução gradual positiva.
Beijos
oi,visitando seu blogpost..adorei tudo por aqui..Tudo de muito bom gosto..Adorei!!
Visite o meu tb..
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Yngrid Jammy
*(Lua Morena
Esclarecimento breve
Dir-te-ei,
quem sabe um dia
ou talvez nunca,
que a poesia se aloja
implacavelmente
nas raízes do cabelo,
nos olhos,
no nariz,
na boca,
nos ouvidos,
nas mãos,
no umbigo,
nos pés,
nas veias,
nas fezes,
na cachimónia,
no mais ínfimo de um ser;
que a poesia é um vírus:
PODE MATAR A VALER.
Paulo César
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