sexta-feira, março 17, 2006

Com raiva me deito e com egoísmo me levanto...



Hoje é raiva que inunda o meu sangue não é mais a tolerância ou compreensão... É simplesmente raiva pura.
É difícil admitir como ser humano que sou, que basta apenas um minuto para destruir toda a sensibilidade de uma pessoa, mas não duvido que as palavras erradas no momento certo são como catalisadores para os maus pensamentos acelerando sentimentos negativos que temos em estado latente espalhados por todo o corpo.
Basta que se faça uma mistura explosiva com duas gotas de egoísmo e três de indiferença para que toda a confiança que temos em estender a mão ao mundo se converta num punho fechado.
Hoje deixei cair a primeira gota desta receita cruel e fi-lo deliberadamente sabendo que muitas outras se irão juntar a esta e numa acidez sem limites vão corroer tudo à sua passagem. Reduzindo até as memórias mais suculentas a uma mera pilha de ossos que até os cães vadios rejeitarão só para não sentir o sabor a podre que elas trarão às suas bocas .

Então, seja feita a Vossa Vontade...

Que a ternura seja enterrada num buraco bem fundo
de onde nunca possa fugir...
Que a doçura se funda
ao mais amargo fel
para que jamais mel pingue da minha boca.
Que as lágrimas não me recordem mais
porque chorei sem culpa nenhuma
para que eu nunca mais me sinta culpada
por ser quem hoje sou.

Que nestas palavras fique carimbado o meu desejo de ser livre e de viver pensando exclusivamente em mim e não nos outros. “Só os meus sentimentos interessam”, vou dizer vezes sem conta enquanto estiver a bater com a cabeça nas paredes tentando acreditar nas palavras que saem da minha boca.
E como crente nesta nova filosofia de vida, não deixarei de rezar todas as noites com imenso fervor
pelo egoísmo que nasce sempre nos ventres desiludidos das mulheres, porque hoje sei que nele encontrarei a derradeira salvação para a minha alma.

Daniela Pereira-17/03/06

2 comentários:

António Sanches disse...

Daniela,

Confesso que me deixaste preocupado. Espero que seja apenas um mau momento.
Sabes, a vida ensinou que o tempo não se esgota no nosso universo. Há sempre mundos, vidas e ideias prontas a receber-nos. A adorar-nos. A perceber-nos. A desejar-nos.
O segredo está em saber escolher, e não no efeito que a escolha «depois de consumada» tem sobre nós.

Por vezes criamos imagens à nossa semelhança. É um erro crasso, desilusão na certa.
Reflecte e espera. Não mergulhes a corda do pensamento no impenetrável. É um caminho sem regresso. Não feches portas.

Um sincero abraço...

blueiela disse...

Cícero


Obrigado pelas palavras...eu quando fecho portas nunca me esqueço de deixar uma janela aberta para quem quiser voltar a entrar :)


um beijo poético

daniela