sábado, abril 15, 2006

Sussurros e poesia-Parte II



Se alguém te perguntar se estás triste, sorri e mente. Não mostres os teus olhos vermelhos porque os homens preferem vê-los pintados de outra cor. Quando sentires frio dentro de ti, cobre-te de luxúria e prazer e espera que o teu corpo aqueça. Por precaução, costura o teu passado no decote e espera que num momento mais quente o rasguem de olhos fechados para não o verem...o mundo é mais compreensivo quando é cego.
Depois embrulha o teu corpo numa fita veludo e aguarda que um olhar te deseje como presente, mas não esperes receber flores da mão que te despir. ..porque as rosas são para os contos de fadas e tu perdeste a tua magia quando arriscaste amar a sério alguém. Agora do amor que sentes só mereces uma coroa de espinhos e as flores nunca serão para ti.
Então não chores nessa janela porque ninguém te vê por detrás desse vidro empoeirado , és invisível aos olhos de quem por ela passa . Sempre foste assim, apenas já não te lembravas de como era senti-lo...
É por isso que te refugias nas palavras como um vagabundo que procura abrigo em cada canto da rua? Não encontras palha para fazer o teu ninho e então gritas com elas para libertares toda a tua fúria contida. E porque gostas de manter aquela imagem suave e doce que acalma os outros sorris...e quem te acalma a ti, quando sentes que vais explodir em pedaços? Olhaste bem em teu redor?
Não te admires se não vires ninguém e não te belisques porque não é um sonho...é apenas o teu maior pesadelo.


Rebellion (Lies)
By The Arcade Fire
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Porquê ter medo da solidão
se a solidão é a tua única companhia?
Porque choras quando olhas
Para as paredes vazias?
Foram só recordações que delas arrancaste...
Tens tela e pincéis
Então, porque não pintas novos quadros?
Tens tantas cores nos reflexos das tuas lágrimas
Porque não tentas
pintar um arco-íris nos teus olhos...
Não desistas
De imaginar que salpicas o céu
Só porque Deus
Fez os teus olhos com a cor da terra...
Porque a tua imaginação
Tem asas
Sabes bem que o chão nunca poderá ser a tua casa...

Se tiveres de voar sozinha, então não receies a solidão do teu voo porque os pássaros abrirão caminho por entre as nuvens e o sol não te faltará. Tu és como eles e vives cantando sentimentos por isso nunca te pedirão que silencies a tua dor nem que escondas os teus desejos por conveniência só porque temem as tuas tempestades.
Tens nos dedos a força da liberdade das palavras e a coragem para encher o céu com palavras apaixonadas mesmo que o mundo teime em caminhar com os olhos postos no chão...
Pelo menos tu sabes como fazer dos teus lábios rebuçados e escolhes livremente as bocas que os poderão provar... não te limitas a distribuir a mil porcos os teus beijos como se fossem guloseimas só porque por eles salivam.

Por isso...

Beija estes lábios
que em chocolate
foram moldados
e deixa-te ficar assim
perdido na minha boca
até que o meu corpo
se ofereça a ti como sobremesa.
Depois com o meu coração nas tuas mãos
caminha lentamente
até aquela janela empoeirada onde eu chorava...
Então, abre-a com cuidado
para eu não a ouvir gemer
e solta-me com os olhos fechados
porque eu só
sei voar na escuridão...

Daniela Pereira-15/04/06

6 comentários:

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Daniela

Que bonito, que sábias palavras...

kimikkal disse...

uma bela foto complementada por belas palavras.

blueiela disse...

Piedade araújo e kimikkal

Agradeço aos dois pela visita a este meu humilde espaço...é uma delícia encontrar palavras assim no meu mundo.
Muito obrigado! :)


beijos poéticos


blue

Karma Beavis disse...

Lindo! Muito bom mesmo!

Anónimo disse...

Sem sombra de dúvidas que tens uma alma imensa e intensidade desconcertante naquilo que escreves. Gostava de saber se escreves poesia. Canto fado há já algum tempo e gostava de cantar as tuas palavras e sentimentos que de alguma forma se identificam com os meus e de todos aqueles que te deixam aqui também comentários. Deixo-te aqui o meu endereço electrónico
hleonor17@hotmail.com
Fico á espera.

Ohniar disse...

Um misto de silêncio
Embriagado d' amor
E de paixão
Internas contradições
Em busca de soluções