sexta-feira, agosto 31, 2007

A morte de quem sou...

Hoje morri para o mundo...
Calam-se as palavras e os dedos são mortalhas apagadas...
Os olhos não olham mais para o céu e o chão só me leva os passos.
Tudo o que sou...e fui morreu.
A alma foi fogo...hoje é cinza
O corpo foi sol...hoje é a sombra de todas as luzes escondidas nos becos escuros.
Não choro..porque querem que não chore.
Não grito...porque querem que não grite
Então, sou uma pedra seca e escura perdida em qualquer caminho
não sinto...não dou...
Cortei os braços e encurtei as pernas para não andar e proibir o sonho de se encontrar em algum pedaço do poema da minha vida.
Não mereço ser poeta,porque nada tenho para cantar no papel...
a minha canção tem pranto
tem lágrimas num pincel..
mas já não a canto pelos jardins
nem me apoio nos beirais dos telhados para caçar borboletas
e soltar papagaios de vinil.
Estou calada para sempre...
Hoje amarro a minha boca e enterro as minhas mãos
cruzadas junto ao meu peito
cravadas no meu caixão.
É de mel esta boca e de esperança viviam as minhas guitarras
Rasguem todas as minhas linhas escritas...
Hoje os meus devaneios chegaram ao fim...

Daniela Pereira

The end

3 comentários:

Carla Ribeiro disse...

"Não choro..porque querem que não chore.
Não grito...porque querem que não grite"

Daniela...
Nunca deixes que a vontade do mundo cale a voz do teu coração, porque essa voz é algo de muito especial e de profundamente belo. Nunca a deixes morrer.

Um abraço especial...
Carla

Patrícia Lino disse...

Um viva, à Daniela.
Um viva, à Poesia.

blueiela disse...

Carla e Patricia



Como pode a poetisa pensar em morrer, quando ela vive cercada de tanto carinho? :)
Obrigado pela poesia que plantam dentro de mim

beijinhos

blue