quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Poeticamente falando de corpos para prosear a alma





A descoberta



Ela e Ele...Ele e Ela...


Ela quis conhecer o mundo dele e ele envergonhado foi-lhe dizendo que era apenas vapor no toque.

Falou-lhe de sonhos que gostava de construir com as suas mãos e de almas perfeitas que aprisionava apenas com o olhar. Ela achou fascinante o modo humilde como ele lhe abria a porta do seu mundo e quis saber mais...

E ele então falou-lhe do gosto que sentia quando lia os sentimentos que ela bordava a fogo no papel. Que se reconhecia em tantos deles, que já tinha sentido aquele sabor que ela dava ao beijo...que já tinha visto em alguma esquina a mesma lágrima que ela fizera cair delicadamente no seu rosto .Que era apaixonante como os seus dedos despiam facilmente os corações e confessava que também ele tinha vontade de no coração dela entrar.

E ela estranhamente tão dotada nas palavras, via nascer cordas na garganta que lhe amarravam as palavras atrás das costas e onde um rio geralmente fluía restavam apenas algumas gotas que jorravam de mansinho.

Então ele sorriu inspirado e colou asas nos corpos e estendeu ideias luminosas com a mão e mostrou a ela como era encantado o mundo que moldava com a sua mente criativamente esfomeada.

E as palavras correram perante os olhos dela criando cenários tão belos de tão simples que eram...

Ele contou-lhe segredos...desejos escondidos no fundo da alma..casas brancas erguidas por entre azuis celestes e as ondas de mares temperados. Terras quentes, onde até a chuva era dourada porque sol nunca partia no seu horizonte. Jardins de mil cores semeados em varandas e baloiços no jardim para conchegar tanta vontade de voar.

Ela confessou-lhe que tinha medo do mar..que um dia o mar a quis levar para longe e ela não queria ainda partir. No entanto lembrou-se que nem o medo a impedia de amar olhar o mar e de escrever na areia muitos dos seus segredos...Ele sorriu e disse-lhe que o mar o fazia sentir mais leve naquele seu corpo de gigante e que quando entrava para o explorar todos os seus pensamentos ganhavam vida...disse-lhe que um dia a queria levar para dentro do mar...Iriam de mãos dadas e ela iria sentir-se segura porque ele jurou que nunca a iria largar..e ela sorriu confiante.

E enquanto bailavam naquela dança de palavras e de mundos a descobrir, a chuva caía lá fora e o frio era tanto que fazia chorar os vidros das janelas,mas por um motivo qualquer naquela noite havia calor para dar.



Existem mundos encantados

a surgir na palma de uma só mão..

existem mãos abertas que os querem sentir...

Olhos que cativam palavras

e dedos que fascinam as curvas perdidas no tempo...

E o tempo ali não passa...

e os retratos são feitos de cera

e os corações são todos marmoreados ..

Os sonhos são de areia...

ternamente temperados

colhem conchas nos ouvidos

e o mar mete medo

mas existem gigantes sempre prontos para a frágil donzela salvar...

Existem mundos enfeitiçados

com a magia de uma varinha de condão...

existem fadas de olhar doce e abraços amendoados

anjos com asas coladas

e lâmpadas infinitas iluminando toda a escuridão...

Torres de carne que rompem excitadas das ondas do mar

em busca de uma paixão

e com os olhos brilhando sonham

com amores entranhados na pele

que lhes matem a fome

de uma estranha solidão...

Daniela Pereira in Poeticamente falando de corpos para prosear a alma

Direitos Reservados

2 comentários:

Braulio Pereira disse...

olá daniela

que bonitas palavras..
que força..
um beijo

Lenna Santos disse...

Simply beuatifull and inspiring Daniela, these are deep, deep, deep words ... keep the spirit UP and LIFTED!!!

Beijo grande