segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Rostos



Rostos



Ele e Ela..Ela e Ele...


Buscavam nas sombras descobrir os seus traços...

Ele pediu para ver se o rosto dela hoje brilhava como em todos os retratos e se os seus olhos ainda sonhavam...

Ela achou que ele ia achar que ela não estava bela..que a simplicidade do seu sorriso ia deixá-lo desiludido..apeteceu-lhe dizer que não. Que hoje tinha a pele sem cor...que a luz do candeeiro a deixava coberta de manchas e tons incandescentes...mas em vez disso passou as mãos pelos cabelos e compôs o sorriso com medo de ele lhe falhar a qualquer momento...

E Ele viu-a sorrindo...e disse que ela tinha uns olhos bonitos..cheios de alma no olhar. Que ela era bela... que o coração dele ia saltar do peito..que sentia um impulso de correr até encontrar o seu rosto esperando por ele...

E ela sorriu com um sorriso corado e pintado com girassóis amarelos e tulipas vermelhas...

Ele perguntou-lhe se ela queria conhecer o rosto do patinho feio que ele era...Ela sorriu e disse que o achava bonito..que não acreditava que ele era um patinho feio e que o imaginava com contornos de cisne.

E ele surgiu no meio da escuridão com um rosto marcado de cinzentismo mas com um olhar repleto de um brilho que ela não sabia de onde nascia...Ele disse que era feio...que tinha um rosto cansado...olheiras pintadas nos contornos dos olhos ..a boca torta e o nariz era grande.

Todos os defeitos sairam da boca dele como se a quisesse convencer que ele tinha perdido toda a beleza perante a beleza dela...mas todas as perfeições nela ficaram marcadas.

Ela olhou para o rosto dele...e o seu olhar perdeu-se a decorar cada curva..e desenhou-o em metades e em rosto inteiro na sua cabeça para não mais esquecer aquela visão misteriosa que se erguia no nevoeiro.

Ela disse que ele era belo...ele sorriu fingindo corar envergonhado e foi mostrando todos os quadrantes que lhe moldavam a face e toda a escuridão ficou pequena para tanto sol...

E ali ficaram os dois a olhar um para o outro..sem se verem..sem se tocarem mas prisioneiros das palavras e das sombras despidas em cada olhar...



Hoje são apenas flores mortas pelo chão....

o patinho feio tirou as penas macias que faziam dele cisne e a bela continua com os seus olhos de cristal tristemente humedecidos...



Daniela Pereira in "Poeticamente falando de corpos para prosear a alma"
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5 comentários:

Margarida Piloto Garcia disse...

Gosto demais do que escreves e nestes rostos vejo o teu, o meu e o de tanta gente.

Braulio Pereira disse...

belas palavras... sentimentos..
um beijo.

blueiela disse...

Obrigado Margarida:)

São rostos de quem confia apenas no que sente e esquece tantas vezes o que lhe diz a razão...são loucos que amam e loucos acabam por sofrer...
Que bom ver-te aqui neste meu humilde cantinho de emoções;)

beijinhos azuis

daniela

blueiela disse...

Braulio

:)agradeço as tuas palavras de apreço...
Volta sempre...o Devaneios terá sempre a porta aberta para ti...

beijinhos

daniella

Braulio Pereira disse...

:)*olá daniella
sou feliz visitar teu blogue
gosto de ler teus poemas pintas com teus dedos ...
fascinas meu olhar..
a minha alma cresce...
obrigado..

beijinhos de seda.....
braulio..