segunda-feira, setembro 21, 2009
Mornas intenções
Quero andorinhas nos beirais do telhado
e folhas secas caídas aos pés da mesa...
Rostos para expor nas varandas,bem regados
para os ver a crescer nítidos e formosos..
Como os lírios selvagens que rompem raízes nos vasos
para por de pé as flores....
E o meu tapete de folhas secas para cobrir-me de chá de hortelã
até cheirar a pimenta nas mãos a arder.
Ardem luas no meu vestido
e há sois a pé coxinho inquietos nos meus seios.
Tenho sangue a saltar à corda nas minhas veias
e o coração parece estar concorrido com filas nas portarias.
Vou já!Não me esqueço de dizer...
Quero foguetes a estoirarem-me os olhos...
quero ver todo o fogo que tenho no meu olhar bem preso.
As estrelas levo-as pela mão até encontrar na escuridão
emprestada a luz própria do meu caminho.
Ainda escrevo mais um poema um poema para adormecer...
depois dispo-me de poeiras e fujo do ninho.
Daniela Pereira in Mornas intenções
Direitos Reservados
Fotografia @ Daniela Pereira
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2 comentários:
Nunca desejei esta dor terrível, esta devastação profunda,
que me assola a sanidade mínima exigível.
Nunca quis mergulhar o meu coração nas entranhas do teu ser
nem arrancar com os olhos
os espinhos de uma roseira definhada pelo tempo.
Nunca imaginei que um sedimento inactivo me incendiasse a boca
com a saliva de uma lava pura.
Nunca fraquejei perante a indiferença inexorável,
síntese de todos os teus medos.
Nunca exprimi no lúgubre papel,
o vazio que nos aproxima, o silêncio a estourar-nos nas mãos.
Paulo César
hoje de manhã eu vi seu rosto em pensamento,
imaginei palavras para sua boca
e o calor que me envolveria em seu abraço.
hoje de manhã vi um ipê amarelo no caminho
que percorro quando vou para o trabalho.
hoje de manhã eu tive você tanto em minha mente,
que vi seu rosto amado e companheiro
na minha imagem refletida no espelho.
senti saudade.
não do modo como você me via,
ou do lugar em que nós fomos juntos.
senti saudade do tempo em que nós fomos vida
e que irremediavelmente se afastou de nós...
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