quarta-feira, outubro 28, 2009
Miragens de um sofredor...
Há um mar sem sal que me cheira a rio...
2 pedras no caminho que não consigo arrancar com os dentes...
e uma gaivota que não voa...só paira a meu lado
e ainda ontem me falava de sonhos e de marés...
Olhares sem fim e pontos de exclamação admirados por mim
que me rompem às dezenas os segredos guardados na mente
e as pétalas que vesti aos malmequeres sem orgulhos..
ficaram rosados e cheiravam a rosas sem espinhos...
Há trigos nas searas brancas de papel
e nos dedos há peixes frescos para os pescadores
que têm como isca um punhado de sonhos...
Vi um peixe anão na caravela do palhaço triste
que gritava "Não gosto de solidão!"
para as ondas do mar
que aplaudiam a sua coragem
afogando-lhe a garganta...
Vi um dente de leão que não era feroz
a baloiçar nas ventanias
como se não houvesse amanhã..
Se eu lhe cortar o pescoço será que ainda dança?
Há um mar sem sal e as minhas gotas despejadas num rio...
Esta noite tenho um segredo para contar
aos desertos deste mundo...
A água salgada não é para beber...
é para matar a fome às ilusões
que plantamos na areia...
Daniela Pereira
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2 comentários:
Daniela, adorei este poema.
Todo o poema é muito bom, mas o final...
"Esta noite tenho um segredo para contar
aos desertos deste mundo...
A água salgada não é para beber...
é para matar a fome às ilusões
que plantamos na areia..."
Tens uns estilo poético muito próprio e interessante. Vou ler mais.
Bom fim de semana.
Beijos.
Belo poema a merecer releituras,
http://manivelasdamente.blogspot.com/
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