Gostava de amar-te as palavras como amo as curvas do teu pescoço. Seria uma forma de tornar insensível o principio da tua dor. Mas compreendes, se eu te disser que o doce que expeles da tua boca, tem muito a desejar. É como o mel que prendem as abelhas por ciúme das pétalas das flores. Por isso, quando falas... não falas, apenas reclamas. Reclamas com a chuva, reclamas com a direcção imprópria do vento e até com o canto das aves,só porque ele nada te diz. Gostamos das mesmas coisas, mas olhando bem de frente... tu e eu não gostamos de nada que seja impossível de alcançar. Basta que esperes,para eu dar corda ao relógio e o milagre para nós acontece. Ouvi um dia dizer que os silêncios mal contados, são como nuvens pretas que o vento esqueceu de empurrar e por isso teimam em ficar suspensas na quietude do dia, mesmo que ele te pareça enraivecido e amargurado. Não importa, são pormenores que ao mundo não interessa mudar. Mas eu gostava certamente de me apaixonar pelos teus gestos mais nobres mas perdi algures a etiqueta da compra da tua bondade. Por isso,quando falas...para mim e para o resto da humanidade, tu não falas, apenas aumentas a capacidade de silenciar as palavras normais que não dizes. Ai,como o teu silêncio me encanta com a voz mais profunda! Gostava de amar-te as palavras de um modo intimo e pessoal, mas apenas amo as curvas invulgares abandonadas no teu longo pescoço....
Daniela Pereira
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