Os seres humanos são trapos que vestem espaços vazios...
algures pelo caminho abraçam as almas nuas de prantos. Um dia serão
somente o pó das memórias e nos seus belos corpos terminarão todos os
defeitos.
Os seres humanos são aves que sonham com os pés no chão e a cabeça
presa a cadeado no fundo da rua...algures pelos caminhos perderam
fragmentos de um coração que já foi maior. Lambiam as dores com bocas de
framboesa e os olhos descalços. Comiam as montanhas como se tivessem
fome de planícies e inventaram as papoilas para o verde ter mais cor.
Mas os sonhos destaparam todas as rosas e cravaram-lhes na pele os
espinhos.
Os seres humanos são nuvens que não chovem a não ser que lhes
espremam o destino como se os desejos fossem uvas maduras a pedir um
copo de vinho tinto a bocejar numa mesa. Um dia dois copos povoaram-lhes
docemente os ossos e um sorriso cortou-lhes a tristeza com o amor a
saber a bagaço.
Daniela G.Pereira in " Os poemas são dois copos vazios e um barril de lágrimas
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