sábado, novembro 20, 2004

Fome

Encho a boca com palavras e vou matando a fome que me dilacera o corpo. Trinco com força as letras escuras e trituro-as entre os dentes esbranquiçados. Cuspo os restos para o prato onde jazem os pensamentos esquecidos. Depois saboreio na língua o gosto do poema que me faz salivar por mais.

3 comentários:

lobices disse...

...e que nessa boca o poema de um beijo se desenhe nas palavras absorvidas...:)*

blueiela disse...

Lobices e Vitor,

Obrigado aos dois pelas palavras que me ofereceram nos meus Devaneios! :)
Só de poetas é que poderiam fluir palavras tão belas e carinhosas...muitíssimo obrigado.


beijinhos

blueiela

Paulo César disse...

No fio da navalha
(para o belo poeta S. Alba)

Dizes que um poema
não vale uma naifa encostada à garganta;
é quando um de nós se afasta do circulo habitual
e se entrega por completo
à atmosfera inextricável de um quarto,
onde desde há décadas
um movimento de palavras
apura
o epílogo que nos há-de acolher.

P. César