Corro sozinha com os braços abertos
para a devassidão do vazio.
Sinto na pele fria
uma chama imensa
que devora o ar gelado da noite.
Sopra com força dragão
esse bafo quente
contra os meus sonhos
e incendeia-os de fantasia.
Leva a minha alma alada
pendurada nas tuas costas
enquanto durmo agitada .
Conta-me histórias
de um tempo que não existe.
Imagina as lutas
de heróis que se curvaram
perante a tua fúria.
Recria o choro
das donzelas cativas
que seus amados perderam
apagados na tua boca.
Foge comigo esta noite
se os meus olhos ainda estiverem em brasa.
Rasga o peito dos homens
que fizeram de mim
este corpo jogado ao vento.
Trespassa-lhes as veias
com as tuas garras
e bebe comigo o seu sangue doce.
Prometo com as estrelas
como minhas testemunhas
que irei embalar
todas as noites a nossa amarga solidão
com canções suspiradas.
Prometo escalar o céu de prata
vestida com uma túnica doirada
e com rosas de fogo presas no cabelo.
Debruçada no parapeito da lua
sorrirei para ti
enquanto reduzes na areia do deserto
os meus monstros a cinzas.
1 comentário:
Daniela, este Bafo Quente queima sonhos e arde na pele dalma.
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