Ontem vi o tempo a correr
em frente aos meus olhos
e fingi que ele estava parado.
Fui lentamente travando o relógio
com palavras disparadas para o silêncio à velocidade da luz.
Nem as deves ter escutado todas
porque muitas ficaram retidas no vácuo das horas.
Uma imensidão de letras e sinais
povoaram a casa de papel caiada de branco
e tiveram um sol que na noite as fez brilhar
a cada segundo reflectido na janela.
Não pintei um arco-íris na folha
porque o nosso tempo tem minutos coloridos
sempre que te abro a porta do meu mundo.
Pendurei cortinas castanhas nos meus olhos
para as cerrar quando uma onda de tristeza
invadisse o meu olhar desprevenido.
Tive o mar roçando os meus pés
mas evaporei-o no ar quente da tua presença
esquecendo o frio soprado pela boca gelada da ausência.
Ontem enquanto o tempo às escondidas
escoava apressado pensando que eu não o via,
as minhas mãos foram uma mesa
sempre posta com palavras de veludo
para saboreares .
O meu coração mais uma jarra
com flores enamoradas adormecidas ao peito
de sorriso vermelho pintado nas pétalas.
E o tempo?
Ontem o que foi o tempo?
O tempo foi somente uma barreira de cristal
estilhaçada com palavras aguçadas pensadas em segredo.
2 comentários:
Passei por aqui e gostei do que li. Um grande beijinho.
zezinho
obrigado pela passagem...espero que tenhas comprado um bilhete de ida e volta ;)
beijos
blue
Enviar um comentário