(escrito ao som de “Butterflies and Hurricanes”-Muse)
Passa o tempo devagar
naquele relógio que aparafusei na cabeça
e nada sei ainda...
Então pergunto sem cessar
Se estou certa...
Se este medo tem alguma razão de ser...
Se estas lágrimas ainda fazem algum sentido.
Depois lembro-me dos sorrisos
que já galoparam em cima dos ponteiros
quando os sonhos tinham o aroma dos nossos passos
e não encontro motivos
para que a areia hoje esteja assim tão salgada.
Já nem vejo o mar à minha frente
porque agora os meus olhos
preferem a melancolia de um rio
para pintarem tranquilamente o seu pranto...
Então porque sabem a sal os meus dedos?
Estou enjoada...
E sempre que os meto à boca
apetece-me vomitar com esta caneta seca
todas as palavras salgadas
que me dão a volta ao estômago
porque este silêncio amargo e doce dá-me vómitos.
Daniela Pereira-10/05/06
3 comentários:
"Então porque sabem a sal os meus dedos?
Estou enjoada...
E sempre que os meto à boca
apetece-me vomitar com esta caneta seca
todas as palavras salgadas
que me dão a volta ao estômago
porque este silêncio amargo e doce dá-me vómitos."
Muito bom, muito bom, gostei do texto todo (já deves saber isso), mas esta parte tocou-me particularmente.
Escreves duma maneira invulgar e bela, só te peço uma coisa... não pares. =)
Beijos*
Uma interessantíssima mistura do mel que percorre a tua escrita com o fel que não raras vezes temos de suportar na vida...
Beijos!
Por vezes o silêncio é gritante
Amargo e intragável
Vejo que o conheces de perto
Segundo os sábios
Ao início o silêncio é tormenta
Mais tarde essa tempestade
Será serenidade
A solução é esperar
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