Dizes sofrer de uma paixão avassaladora por letras e reticências imprevistas
mas só te vejo comer palavras em sopas frias...colherada após colherada num exercício de concentração forçada.
Fazes gemadas com o amarelo dos ovos e podias pintar canários nas pontas do sol...
depenar os pavões e substituir o orgulho das penas por credos de papel.
Dizes ser portadora de emoções profundas mas nunca te vi cavar um poço em terras de poucas águas...talvez sintas que o mar é uma cama maior para as tuas insólitas paixões.
Fazes borboletas de papel mas nunca te senti presa nos braços do vento que as fazem voar... Dizes ser alheia aos prazeres terrenos porque insistes sonhar acordada e nos teus sonhos há sempre um pedaço de nuvem a rematar as fragilidades das tuas fantasias.
És para além de seres...pedaços daquilo que não dizes, nem tão pouco murmuras nas brumas dos teus passos...és muda acima do teu coração porque jamais engoles aquilo que sentes. És uma cascata onde só mergulham aqueles que em ti flutuas.
Depois existem as palavras cruzadas..aquelas que teces na boca.
Mas dessas já não falamos... um dia ouvi dizer que só querias sentir o silêncio outra vez a caminhar feliz na tua rua.
Daniela Pereira
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