Apetece-me dizer coisa nenhuma e às coisas que falam ficar muda e calada.
Mandar as palavras às favas e às pedras do caminho tirar-lhes o pé até que o chão se realize.
Apetece-me... e agora,quem me diz que não posso?
Quem me prende as mãos à boca até nos meus dedos nascer pó?
Quem faz cantar o grilo se eu lhe comer as asas?
E quem diz que isto é defeito e não um aprumado feitio...
Não me importa...hoje apetece-me...
Apetece-me roubar os doces aos miúdos que pulam no jardim...
esconder os segredos no fundo do mar
e dar gargalhadas porque a ninguém os digo.
Apetece-me desenhar sorrisos na alcatifa da sala
e pendurar aranhas nas janelas
só para ver um gato com as patas mais animadas.
Apetece-me correr atrás dos cães e mesmo que fique em último na corrida
não deixarei de exibir a língua cá fora como sinal do meu orgulho cansado.
Quem me prende as palavras ao céu da boca
porque o coração está louco de contentamento
e o silêncio hoje é uma festa onde todos entram calados mas ninguém sai falador.
Daniela Pereira
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