segunda-feira, dezembro 31, 2012

An (m)o

Um Feliz 2013 para todos os amigos que fazem parte do meu coração ...
É uma doce aventura, existir neste espaço despida de medos e de barreiras, com as palavras presas aos dedos e os sentimentos à deriva.
Foi sempre aqui que verti lágrimas ... que esbocei sorrisos... que gritei dores que não podia ocultar. Foi aqui que cativei paixões... que chorei perdas e esbocei sonhos no olhar. Foi com palavras que vos abracei com ternura... que escrevi memórias nas paredes brancas... que desenhei estrelas nos céus mais cinzentos.
Quem por aqui passou e perdeu um pouco do seu tempo a sentir o que eu sentia, deu-me forças para sentir sem escudos de indiferença. Quem por aqui passou alimentou o meu Amor pela poesia e pela pureza de um poema que em mim nascia.
 A todos vocês, um 2013 repleto de muito amor. Deixo-vos um beijinho com ternura ♥ *

Daniela G. Pereira

quinta-feira, dezembro 27, 2012

Fiz-me ...



Fiz-me... 
Fiz-me de novo sem mais nenhuma mulher abrir as pernas para me ter. Escorracei a minha alma do pó e atirei-a ainda ensanguentada para a deriva. Matei-a tantas vezes que já me esqueci onde a enterrei.
Mas, o meu coração segreda que ainda a terei que matar mais vezes. 
Guarda-me um lugar no Céu, que aqui neste mundo o Inferno queima-me as verdades nos dedos...

Daniela G. Pereira
Direitos de Autor Reservados

quarta-feira, dezembro 26, 2012

O entendimento é uma necessidade crua...




Se chegou o momento em que não entendes mais o ser humano
então chegou o momento de fechares o teu coração com tudo o que ele já tem por dentro.
Se já não entendes... chegou o momento de esvaziar pensamentos...de premir o botão do off interior.
A queda já existe dentro de ti, então porque ainda te angustia o caminho que te leva até ao precipício.
Se as palavras que fugiam de ti com a alegria de uma flor a despertar pela manhã …
hoje são palavras que sentes que têm em ti a força de pedras que regressam sem pensar e te destroem as pétalas...e te desnudam os sentimentos como se o teu íntimo fosse algo banal.
Então chegou o momento de tu mesma não existires... deixou de ser tempo para abrir o coração, para ser o momento de te revelares para dentro. A rua é hoje um mundo cinzento, repleto de sombras e esquinas com desencontros. Envergonham-te as tuas ideias...até os teus pedidos te fazem sentir menor do que aquilo que tu realmente és. Envergonha-te o medo, que te distorce as entranhas. Envergonha-te a incapacidade de demonstrares o quanto amas. Envergonha-te a necessidade de te sentires amada e um pedaço de alguma coisa importante, porque és incapaz de te sentires reduzida a cinzas. Dizes que estás cansada de renascer do pó e mesmo assim tu renasces e lambes incessantemente as tuas feridas.
Se chegou o momento em que não entendes mais o ser humano...então, chegou o momento de te entenderes a ti mesma como um ser assustado e não ter mais vergonha de o admitir.
Chegou o momento de reservar emoções e de usar a folha de papel como o único mundo que te aceita, tal e qual como tu és.
Admito que não entendo mais o ser humano..admito que daria tudo para o conseguir entender ou pelo menos para o conseguir preservar até ao dia em que tudo fizesse novamente sentido.
Admito que sou frágil perante a grandiosidade do ser humano da mesma forma em que sou submissa e rendida perante a dor.
Se chegou o momento em que não entendes mais o ser humano, então chegou o momento de desistires de o entender. Se o destino te moveu para outras paragens...deixa que o vento te leve para onde quer, até porque estás demasiado cansada para te debateres. Deixa que no chão o teu corpo repouse, surdo e mudo para todos os silêncios e para todas as vozes que para ti se calam por um motivo qualquer que não conheces, mas que desejas que seja só uma brisa enganada no caminho que tem que percorrer para chegar a ti. Talvez se tenha perdido dos teus passos... talvez os teus passos não fossem os mais certos porque temias cair e sabias que não terias forças para recuperar.
Envergonha-te o passado que te apedrejou … orgulha-te o passado que te mostrou que mereces ser forte e que não desistes por fraqueza mas sim por necessidade humana.
A rua é hoje para ti um mundo estranho e frio... aqui dentro ainda há calor.


Daniela G. Pereira
Direitos de Autor Reservados

domingo, dezembro 23, 2012

Aprisionem os Homens Normais...





Há quem nasça para seguir o mais correto...O que a cabeça indica ser o apropriado.
Há quem sinta que uma dor pode matar ao atingir a primeira lágrima...mas não desiste até que o coração lhe suspire todas.

Há quem finja que a primeira  lágrima nunca foi sua. Cospe na vida e sente que há-de sobreviver na pele de um guerreiro.
Há quem fuja da dor como vampiros...que renegam qualquer passagem pela luz.

Os seres normais...Mas e os loucos?
Os que se rasgam por dentro quinhentas vezes
acreditando que da próxima acertam e remendam-se todos de uma vez?

Para mim, os loucos começam a ser os mais espertos.
Porque a normalidade é como uma onda calma.
De génio, é encontrar uma onda que não morra
só porque bateu demasiado de força na areia.
Mas quando um triste coração se debate...
O mundo inteiro afirma que é certamente, presságio de loucura.

Hoje declarei morte ao tédio de ser demasiado normal.
Dei por terminada a viagem  da estupidez de ser alguém com uma lógica decente.
Porque é infinitamente monótono ser tão facilmente entendida.
 Não digo "Bom Dia" ao ladrão que amavelmente me solicitar a carteira...
Mas posso dizer "Boa Noite" ao gato vadio que me penetrar o olhar  do fundo da rua.
Não me apetece mais chorar...
Por isso, e para desenjoar da regularidade dos dias...
Vou rir ainda mais.
Nem que tenha que troçar com toda a segurança
da minha mais profunda tristeza.

Percebo hoje, que ninguém ama pessoas dedicadas.
Daquelas pessoas que nos interrogam cem vezes
se estamos bem.
A preocupação é um vício que nos obriga a ganhar mofo nas crenças
e quando olhamos realmente por nós, entendemos finalmente que o tempo já nos enrugou.
Ficamos tão lixados... para não dizer aquelas palavras que nos fariam perder a compostura de sermos normais.
 O "Normal" não nos dá a liberdade de enlouquecer sem dar nas vistas.
A liberdade de gritar a favor das paredes até que a nossa voz
espante todos os fantasmas que a vida em nós costurou em silêncio.

Vamos ser poetas... os enlouquecidos Homens das palavras.
Ajoelhados no chão, cheios de coragem para admitir que têm o coração em farrapos.
Somos poetas e temos a desgraçada da liberdade a pulsar dentro dos dedos
como um touro enraivecido que anuncia uma morte precoce na arena.
Não há mais nada a temer...
" Que se lixe a vida, meu amigo. Hoje posso ter morrido mais um pouco...
mas amanhã, meu amor
prometo que de mim...
(mortos à paulada todos os medos)
prometo que de mim, meu amor
só jorrará magia!


Daniela G. Pereira
Direitos de Autor Reservados

segunda-feira, dezembro 03, 2012

O silêncio...

O silêncio...

O silêncio... o silêncio é para mim a forma mais estranha de expressar emoções que o ser humano pode possuir. O silêncio das pessoas que amo e abrigo no meu coração, é provavelmente o desafio mais difícil que eu posso suportar.  É para mim inexplicável este meu medo do silêncio, é uma fobia da minha alma que ganha raízes profundas. Nascida uma menina das palavras... tão crente na veracidade dos sentimentos, abro a boca para dizer o que sinto mesmo nos piores momentos. Sempre com a certeza momentânea que me consigo explicar ao dizer as emoções que me afligem o espírito. Não digo que o silêncio possa ser malicioso ou destrutivo, mas em mim consegue ser uma fonte de interrogações constantes que a mente só com muito esforço consegue encontrar serenidade para abraçar. Há o silêncio do dia que nos enche os tímpanos com ruídos e sons estranhos que não chegam a ser barulho, porque nos habituamos a desfocar da atenção bizarra dos nossos pensamentos... Há o silêncio da noite, um silêncio mais frio e menos acolhedor na alma. Ouvimos as paredes, as recordações que falam em surdinas e os receios que nos abanam o corpo na cama com toda a força, para não nos deixar dormir. Quando damos por nós, já temos um nó no peito tão difícil de desatar que nos tornamos uma curva afiada cheia de jeitos...impossível de endireitar. Recolhemos lágrimas e gritos pardos que por vezes até conseguimos engolir, quando nos agarramos aquelas certezas que nos abrandam os limites do ser.
O silêncio ...
O silêncio das metades não completas...dos vidros que quebram o nosso coração com finos estilhaços... das vozes que queríamos de novo ouvir porque se formou um vazio diferente no eco de todas as sombras...O silêncio que nada diz e tudo deixa por dizer até que a próxima palavra nasça para o fazer finalmente morrer. E se a palavra que nascer for ainda mais profunda que o silêncio? Então tememos as palavras momentaneamente, como quem teme o fim do nosso mundo e ficamos surpreendentemente mudos de espanto.