domingo, dezembro 23, 2012

Aprisionem os Homens Normais...





Há quem nasça para seguir o mais correto...O que a cabeça indica ser o apropriado.
Há quem sinta que uma dor pode matar ao atingir a primeira lágrima...mas não desiste até que o coração lhe suspire todas.

Há quem finja que a primeira  lágrima nunca foi sua. Cospe na vida e sente que há-de sobreviver na pele de um guerreiro.
Há quem fuja da dor como vampiros...que renegam qualquer passagem pela luz.

Os seres normais...Mas e os loucos?
Os que se rasgam por dentro quinhentas vezes
acreditando que da próxima acertam e remendam-se todos de uma vez?

Para mim, os loucos começam a ser os mais espertos.
Porque a normalidade é como uma onda calma.
De génio, é encontrar uma onda que não morra
só porque bateu demasiado de força na areia.
Mas quando um triste coração se debate...
O mundo inteiro afirma que é certamente, presságio de loucura.

Hoje declarei morte ao tédio de ser demasiado normal.
Dei por terminada a viagem  da estupidez de ser alguém com uma lógica decente.
Porque é infinitamente monótono ser tão facilmente entendida.
 Não digo "Bom Dia" ao ladrão que amavelmente me solicitar a carteira...
Mas posso dizer "Boa Noite" ao gato vadio que me penetrar o olhar  do fundo da rua.
Não me apetece mais chorar...
Por isso, e para desenjoar da regularidade dos dias...
Vou rir ainda mais.
Nem que tenha que troçar com toda a segurança
da minha mais profunda tristeza.

Percebo hoje, que ninguém ama pessoas dedicadas.
Daquelas pessoas que nos interrogam cem vezes
se estamos bem.
A preocupação é um vício que nos obriga a ganhar mofo nas crenças
e quando olhamos realmente por nós, entendemos finalmente que o tempo já nos enrugou.
Ficamos tão lixados... para não dizer aquelas palavras que nos fariam perder a compostura de sermos normais.
 O "Normal" não nos dá a liberdade de enlouquecer sem dar nas vistas.
A liberdade de gritar a favor das paredes até que a nossa voz
espante todos os fantasmas que a vida em nós costurou em silêncio.

Vamos ser poetas... os enlouquecidos Homens das palavras.
Ajoelhados no chão, cheios de coragem para admitir que têm o coração em farrapos.
Somos poetas e temos a desgraçada da liberdade a pulsar dentro dos dedos
como um touro enraivecido que anuncia uma morte precoce na arena.
Não há mais nada a temer...
" Que se lixe a vida, meu amigo. Hoje posso ter morrido mais um pouco...
mas amanhã, meu amor
prometo que de mim...
(mortos à paulada todos os medos)
prometo que de mim, meu amor
só jorrará magia!


Daniela G. Pereira
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