domingo, junho 07, 2009

Das pedras do teu chão fiz-te um caminho...





Caminhou...caminhou decidida a ir lado nenhum...
Partiu à procura de nada, certa que só assim o "tudo" a encontraria...reconhecendo-a pelo vazio que levava bordado junto ao peito.
Pensou que o Sol poderia ser o pote de ouro que em sonhos os duendes lhe falavam...e esqueceu as estrelas inventadas sorrindo para as cascatas...
E se todas as aves fossem douradas?
Mataria a fome de todos os corações pobres com penas e ouro...
Mas se as aves do paraíso fossem mortas...não ficariam mais tristes os jardins?
Porque não pintá-las de azul e pedir-lhes que o mar se acalme outra vez?
Vingamos o tom que nos foi roubado e exigimos de todas as pedras do chão um rigoroso silêncio...Não haverá uma segunda oportunidade para aquele grito em vão...
Fez círculos na parede... mas o maior apesar de ser de linha fina não se fez rogado e engoliu todos os pequenos só porque pesavam toneladas nas cores sóbrias da parede....
Comem-se uns aos outros...assim como se devoram as Mulheres quando um Homem se sente mais só...
Partimos à procura de "tudo" com os olhos cheios de um nada esperançados que o amanhã nos erga das memórias célebres taças...
Existem vitórias que sabem a pão caseiro e vinho branco em cima da mesa...
Existem derrotas que cheiram a tabaco e a sofás de pernas curtas...
Mas caminhou com o horizonte queimando-lhes as entranhas...sentindo as rugas que lhe apertavam o pescoço e as mãos amputadas que ainda lhe percorriam o corpo à procura de carne para trincar...
E os olhos já não tinham espaço para o rio que caminhava junto dela...o tempo parecia parar sempre que ela sorria...
Convencido que aquele sorriso não ia durar para sempre apenas por ela o futuro chorava...

Daniela Pereira in " Poeticamente falando do corpo para não prosear a alma"
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3 comentários:

BlueShell disse...

"Mas se as aves do paraíso fossem mortas...não ficariam mais tristes os jardins?"..."Existem vitórias que sabem a pão caseiro e vinho branco em cima da mesa..."...Mas as cores não pintam com a mesma convicção o que antes pereceu! E para cada vitória há uma derrota com cheiro a tabaco...
Nada volta...o Tempo não deixa...por mais belo que seja o seorriso dela...

Bj

BShell

antes blog do que nunca! disse...

Palavras com forma, vigorosas, expressivas. Todos os caminhos vão dar à poesia. A tua. Única.

1 Bj*
Luísa

blueiela disse...

BlueShell...

Infelizmente ou felizmente o tempo prega-nos estas rasteiras e avança sem avisar...deixa marcas e espinhos que demoram a ser arrancados.
Obrigado pela tua passagem pelo Devaneios:) Volta sempre

A ti fadinha da lua, sabes que tens um lugar muito especial cá por dentro e existem sempre flores frescas na mesa á tua espera:)
Obrigado pela força e pelo carinho amiga do peito

beijinhos

Daniela