Perdem-se no ponteiro que marca o tempo os encontros com o meu corpo.
Esses encontros banais envolvidos no calor de uma noite.
Misturo cheiros e sabores no copo que pouso na mesa.
Bebi as sensações...
Embriaguei-me de sentimentos esquecidos.
Na janela vejo o pôr do sol reflectido.
Bebo mais um copo...
Quero beber o gosto do último toque sentido.
Os lábios lambuzam-se com o travo de um beijo violado.
Esse beijo ácido que me queimou a pele rosada.
A língua percorre o vidro que reveste o copo que tenho na mão
sorvendo as tuas últimas gotas derramadas.
É no teu corpo que a minha saliva quer escorrer...
É a essa pele que o meu corpo quer regressar.
Pode parecer uma demência insana
querer regressar mas não querer ficar.
Então sou demente por opção.
Nos olhares retirados a estranhos que passam
visualizo a eterna repulsa pelos meus actos.
O ponteiro marca o tempo com crueldade
vergastando os momentos atrasados no relógio.
Os momentos que passei fundida ao teu corpo.
Momentos,
simplesmente não passaram de momentos.
Sentes o tempo a escorrer pelo meu corpo?
O copo agora está vazio...
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