quarta-feira, outubro 20, 2004

Sangue morno


Hoje acordei com a leve sensação
que o frio me corroía por dentro.
Penetrava nos recantos onde antes existia calor
com a subtileza de um floco de neve fragmentado.
Na tépida esperança de poder sentir o corpo aquecer,
mergulho no banho fervente da água estagnada no fundo da banheira.
No toque da pele imersa num calor improvisado
dilatam-se os corpos gelados numa plasticidade enganadora.
Derreto em pequenos pedaços que vão pingando para fora da banheira
molhando o chão numa mistura de água e cloretos incolores.
Lá fora também chove...
E o vento ainda grita enraivecido colado às vidraças.
Está frio...
mas este frio não me congela
porque nas veias o sangue ainda escorre morno

Sem comentários: