Escorrem rios de lava pela navalha esterilizada
com que rasguei o chão do teu pesadelo.
Choro poças de sangue dos meus olhos de sal
manchando a nuvem branca que passou por ti.
Estendo-te um lenço negro para me acenares um adeus
na convicção que não será o último.
Sorris um sorriso amarelo e voas em direcção à estrela recortada
pela lâmina afiada na pele do meu peito.
1 comentário:
Kabullow,
Tenho um enorme prazer em receber-te sempre aqui nos meus "Devaneios"!
Dizes que te lembro um pouco Augusto dos Anjos?
Confesso que conheço pouco da obra deste escritor mas existe um poema que gosto particularmente e que deixo aqui para agradecer a tua gentileza.
A máscara
"Eu sei que há muito pranto na existência,
Dores que ferem corações de pedra,
E onde a vida borbulha e o sangue medra,
Aí existe a mágoa em sua essência.
No delírio, porém, da febre ardente
Da ventura fugaz e transitória
O peito rompe a capa tormentória
Para sorrindo palpitar contente.
Assim a turba inconsciente passa,
Muitos que esgotam do prazer a taça
Sentem no peito a dor indefinida.
E entre a mágoa que masc’ra eterna apouca
A humanidade ri-se e ri-se louca
No carnaval intérmino da vida."
"um poema de Augusto Anjos
um beijo para ti
Blueiela
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