Não me digas com esse ar frenético que eu te levo ao céu quando montas nas minhas pernas porque eu atiro-te ao chão nesse mesmo segundo.
Por isso ouve bem o que te digo enquanto ainda consigo trincar com calma o teu ar afoito…
Se eu soltar a minha alma esta noite não será o teu corpo que a irá prender entre 4 paredes e 5 grades de ferro hoje não chegam para encerrar as asas que o meu coração ontem amarrou às cegas ao pensamento. Por isso até que o dia nos corte às postas o desejo e nos arrefeça irremediavelmente os beijos… Deixa-te ficar estupidamente em silêncio aqui abandonado no chão da minha boca
Nas palavras um coração não bate e o palpitar de uma letra numa folha de papel é tão lento e sossegado que nem o escutas... Mas se soprares um doce verso Com o teu ar enternecido O sangue do outro ferve mais depressa E palidez do teu rosto É mais uma miragem Que jamais verás...
WORDSONG-OPIÁRIO
Faço uma coroa com as palavras azuis Que me costumam enfeitar os cabelos Mas distraída como sou Esqueço-me que as palavras que o meu coração sente Não são mais do que rosas disfarçadas E todos os meus beijos Pintam-se de sangue Quando a língua Se despede de um céu Que sangra no alto da tua boca. Depois .... invento um poema com os teus olhos Igual a tantos outros Que imaginei a acordar dos braços de um sonho meu E a escuridão sem ti Já não me assusta.. Porque tenho a lua na memória E dos sorrisos retalhados No acaso de uma estrela Que não cai Tenho a lembrança... Do meu choro perdido.. Posso escutar mil vezes o eco Se o sono não vem... Do meu riso Sei prever o rasgar dos lábios Que colo à força Quando um sorriso Insiste em ir mais além ... Dos meus dedos roubo canções de embalar que a noite escreve em segredo só para não perturbar o sono de um anjo temendo o despertar do diabo que como mulher escondo nas sombras
Com a poesia mal alinhavada ao peito cometo todos os crimes Que o meu corpo incansável sempre deseja. Mas se a alma por vezes Recusa-se a ir por aí Vagabunda e com rumo incerto... Então eu rasgo a realidade com os dentes Sem me importar com os restos Que deixo á vista de todos no chão. E mesmo que me digam Que sonhar solitária é uma prisão Levarei os poemas para trás das grades quando o sonho acabar. E se a poesia um dia perder-se na minha alma Saibam que amarei ainda mais cada palavra Que encontrar carpindo as dores do mundo em silencio no meu corpo.