quinta-feira, julho 31, 2008

Com água benta no corpo e um balão vermelho na mão...




Há sombras nas paredes e pontos de interrogação cravados no chão...

Há ideias que parecem certas e outras tantas que sabem a erros desmedidos...

Há marcas estranhas nos locais mais conhecidos e passos que querem ser firmes mas que ainda tremem quando pisam o caminho...

Há dias sem sol e raios de luz em pleno Inverno emocional...

Há noites que deviam ser simplesmente um dia mais curto e nada mais...

Existem coisas incompreensíveis e outras que não quero compreender...não gosto da verdade, mas procuro-a sempre debaixo dos tapetes empoeirados ou escondida nas gavetas mais recheadas...Assim é difícil encontrá-la..eu sei...mas não me importo.

Existem dores que demoram a passar e existem dores que nunca passam....nas horas intermédias apenas se fazem sentir presentes e nada mais.

São como aqueles ecos que ouvimos mas não sabemos onde nascem...mas não deixamos de os ouvir mesmo que eles venham do nada...arrepiam qualquer um.

Existem momentos que deviam ser passados no calor de uma cama ou na barriga de uma mãe, para não nos sentirmos tão frios por dentro.Nesses momentos que nos forçam para acordar ou para antecipar o parto, só nos apetece pedir...deixem-nos ficar aqui, porque aqui sentimo-nos abençoados...





Daniela Pereira

Direitos Reservados

Foto by DeviantArt-Let-them-blow-away by Rubyrubes

segunda-feira, julho 07, 2008

Por coisa nenhuma e por uma coisa de nada...





És o meu amor de coisa nenhuma..

e por coisa nenhuma assim te fizeste em mim...

Se o mar tivesse voz e não um rugido rabugento...

à muito que teria dito...

Basta, desta onda alucinada

tu não levas mais nada!

E eu teria deitado as lágrimas na areia..

teria escondido o rosto num rio improvisado

e só quando o mar

me cuspi-se para fora

eu saberia a verdade...

e não precisaria de coisa nenhuma

para a saber...

Que és um gesto no meu olhar...

uma gota de luz sombria

que na cor disfarça

todas as sombras...

Arco-íris de tudo e todos os sabores

a rasgar-me o céu

com a boca cheirando a fumo

e eu não morro sufocada...

habituo-me ao teu gosto

e fumo-te os lábios

até à exaustão dos meus pulmões...

E assim..

por coisa nenhuma e por uma coisa de nada

aqui ficaste no meu corpo...

a atravessar a minha alma

de lès a lés

como se eu fosse um quilómetro ainda por percorrer

mas já tão batido pelos teus passos

que em pouco tempo

lhe adivinhaste toda a paisagem...

E o que nasceu por coisa nenhuma

parece querer morrer por uma coisa de nada...



Daniela Pereira

Direitos Reservados