segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Sombras violadas no tecto


Vou fazer na minha noite escura
um cenário de luz com estrelas de papel
brilhando no tecto do meu quarto.
Do cobertor de veludo estendido na cama
faço uma mesa requintada
com dois corpos servidos na sobremesa.
Com a boca esborratada com restos de morangos
vou provar essa pele de pêssego
pedacinho por pedacinho
sem me preocupar com a falta de guardanapos de papel.
Vou lambuzar os dedos
com a doçura que escorre nesses lábios famintos
até empanturrar o amargo da língua.
Depois vou ficar de barriga cheia
contemplando em silêncio
a noite reflectida nas sombras do tecto.

domingo, fevereiro 13, 2005

Rouba


Rouba-me o corpo com as tuas mãos frias
e guarda-me no bolso do pijama.
Estende-me em frente à lareira
e conta-me histórias até eu adormecer.
Fala comigo mesmo que eu não te oiça
prende os meus ouvidos na tua voz de mel.
Aquece-me o peito com palavras em chama
e degela-me a alma hibernada.
Escolhe para mim o teu melhor sorriso
e tatua-o na minha pele com agulhas de fogo.
Afaga-me os cabelos e enrola-te neles
até ficares tonto com o seu cheiro.
Prende o meu rosto no espelho da casa de banho
e corta os meus lábios com a navalha de barbear.

Fica com eles na carteira ... são teus!