quinta-feira, abril 12, 2007

A explicação do inexplicável é só mais uma dúvida a ganhar pó na prateleira…




O que sinto por ti…
Não sei explicar
Porque apenas sei sentir.

Não te odeio
Por nada sentires por mim
Como podias sentir
Se nunca fizeste parte do meu corpo?
Como poderias saber
Que a minha pele grita pela tua?
Que a noite é o meu diário
Onde escondo os meus segredos
E quando ela chega..
Eu paro o meu coração
Para poder ouvir a tua voz bater no meu peito
Porque só assim
adormeço tranquila.

Não te odeio mais que tudo no mundo
Porque olhas para as estrelas
E vês outro rosto que não é o meu…
Mas odeio o resto do mundo
Quando ele está junto de ti.

Não explico a origem destas lágrimas
Mas a dor é uma possibilidade
Que dificilmente ponho de parte.
Já olhaste para os olhos de uma flor quando ela murcha?
É tão bela a pureza da dor..
Daquele sentimento nascido no seu seio.
Como podem dizer
Que as flores só têm perfume
Ao desabrochar…
Se é no momento que sentem que vão morrer
Que expelem todo o seu verdadeiro aroma ?
Basta fechar os olhos
E inspirar
Aquela maresia
Com odor a cravos e jasmins.

O que sinto por ti…
Também é assim.
é quando te sinto partir
Que preciso abraçar-te com mais força …
De esconder os lenços brancos
Porque não quero que me acenes um adeus…
Que atropelo as palavras como louca
Por temer tanto o teu silêncio nos meus dias…
Que ponho de pernas para o ar todos os relógios da casa
Na esperança que o tempo não caminhe mais em frente
E imite os caranguejos nas passadas…

Não explico de onde nasce este sorriso que trago na boca
Quando visitas serenamente os meus pensamentos
Nem tão pouco
Te sei dizer
porque por vezes surge nevoeiro a escondê-lo de ti…
Mas alguém sabe dizer
Porque existe chuva em dias de sol?

O que sinto por ti…
Já me disseram que podia ser amor.
Eu digo que talvez possas ser um vício…
Uma cocaína rara
Que vicia mas não mata
Quando injectada em excesso.
Deixa-me apenas tonta
Presa a sonhos e fantasias
Livre de amarras e de limites.
Preparada para voar por cima de todos os muros
Com este sentimento espetado nas veias.
Que se lixe que o mar não seja meu…
Ninguém me pode impedir de o adorar
E de o querer com todas as minhas forças!
Vem prender-me à realidade se conseguires…
Se fores capaz
De impedir que o meu coração arda …
Se tiveres água nas mãos
Então afoga-o bem lá no fundo
Porque se ficar mal apagado
é certo que vai reacender
para incendiar com mais coragem todo o mato que lhe surgir pela frente
só para chegar ao sonho onde tu estás
Queres saber o que realmente sinto por ti?
Pergunta a outra
Porque de sentimentos há muito que nada sei

Blue-12/04/07





quarta-feira, abril 11, 2007

Estradas e encruzilhadas...



Foto by DeviantArt-Voyage Immobile by *Alyz
Entra…
Bate à porta e entra devagar
Hoje o meu peito está aberto
Para quem o quiser ver.
Não o reconheces assim?
Parece-te vazio e sombrio?
Que pena….
Não é impressão tua
Ele agora é assim..
Negro…feio e oco de beleza.
Atirei tudo boca fora…
Tudo…
Não vi se era mau ou se era bom
Se estava ali encolhido a um canto a murchar
Então é lixo
E como lixo por mim será tratado.
Dizes que não querias que eu me sentisse assim?
Não acredito
Porque ou estavas surdo quando te supliquei uma palavra
Ou então tapaste os ouvidos para não ouvires os meus gritos…
E isso não te desculpa
Nem te tira o peso da culpa
Por me teres morto por dentro
Por me teres feito sentir
Que a palavra Confiança era só mais uma miragem
Por teres apedrejado o meu coração
Com pregos de aço
Por me ensinares que as feridas
Por mais que doam
sempre se suportam
basta que se ame muito quem nos feriu.
Amar é uma loucura…
Odiar um caminho sem regresso
Fico-me pela ponta da navalha
Suspensa por cima de duas estradas
Curvando-me na direcção que o vento quiser.
Agora vai…
Já moras cá dentro
Tatuado em sangue neste chão de carne
Deixa que o odor forte
Te indique um dia o caminho de volta.
Mas se quiseres regressar
Trás contigo sonhos que cheirem a novo
Para pendurares no meu pescoço
Porque os que eu tinha semeado na pele
Estão podres graças a ti.

Daniela Pereira-11/04/07






domingo, abril 08, 2007

Matas sonhos à paulada




Não vi a pedra que caiu no chão
Mas foste tu que a atiraste…
Nisso, sei que tenho razão

Desenho com giz quadrados
E declaro tudo o que em mim mataste…
Foi um tiro certeiro
São meus os todos que sangram aos bocados
Nisso , sei que tenho razão
Foste tu que erraste primeiro
Planeaste um tiro certeiro…

Não vi a pedra que caiu no chão
Mas foste tu que a atiraste…
Mas foi da tua boca
Que lambi o meu coração
Nisso, sei que tenho razão
Foi um tiro certeiro…
Ñem avisaste primeiro

Porque é que o chão tem pedras?
Porque é que a tua mão…mata a palavra
Como quem mata sonhos à paulada?

Não vi a pedra que caiu no chão
Mas foste tu que a atiraste
E a minha alma
Para a morte empurraste.

Porque é que o chão tem pedras?
Porque é que a tua mão..mata a palavra
Como quem mata sonhos à paulada?

Desenho beijos com rebuçados
E escondo de ti todos os meus passados…
E declaro tudo o que em mim mataste
Quando com a tua boca me provaste
Nisso, sei que tenho razão
Não vi a pedra que caiu no chão
Mas foste tu que a atiraste…
Mas foste tu que a atiraste…


Daniela Pereira



sexta-feira, abril 06, 2007

Um pedaço de mim

:)É com imenso prazer que deixo neste espaço a link  do programa Lugar aos Outros no audioblog de Luis Gaspar, que gentilmente deu voz a alguns poemas da minha autoria...Podem também saborear a poesia com cheirinho a Brasil de Sonia Regina.
O meu obrigado ao Luis Gaspar e também à LusoPoemas por me ter dado a conhecer esta voz cheia de alma na garganta

P.s: Podem aceder ao site directamente pela link exibida na secção de links do blog,através do "Lugar aos Outros"

http://www.estudioraposa.com/index.php?id=192

beijinhos

daniela pereira

quinta-feira, abril 05, 2007

Até que as palavras morram de tristeza...


A ti …que és poema
E fazes do meu grito a tua voz
Confesso-me!
Não esqueço…
Não apago…
Não perdoo…
Que o mar seja sempre azul
Mesmo que nos meus olhos
Ele seja só um ponto cinzento
Difícil de avistar.
Não me lembro
Quem lhe roubou a beleza da cor…
Quem se atreveu
A dizer-me que os meus olhos sabiam a sal grosso
E que o mar
Tinha nas ondas
Uma mordaça para o meu pranto.
Não perdoo
Que o céu tenha nuvens carregadas
E que esconda as estrelas do meu olhar
Quando a noite em mim cai…
Não perdoo…
Que o mel que barrei em mil palavras
Seja saboreado como se fossem fel.
Não apago…
Todos os passos que dei às cegas e com o coração às costas…
Não esqueço…
Que não caminhei em círculos
Porque sei que em todos os momentos
Não tinha os pés no chão.
Estou certa que neles sempre voei
Então porque me iria esquecer
O que é ter asas num segundo ?

A ti… que és poema
E sabes que no luar me refugio
Confesso-me!
Não sonho…
Não sinto…
Não vejo…
Que o tempo seja a cura
Mas acredito
que os dias nascem e morrem a toda a hora.
Não sinto…
Que o coração tenha segredos
Que o corpo desconhece mas que a alma confia…
Mas confiei…
E ele parou na areia
E quis ver o mar de perto
E eu confesso
Que o levei lá.
Que não pensei
Que ele fosse sentir frio
Quando o verão o abandonasse
Para aquecer outras paisagens.
Não sonhei
Com jardins de folhas caídas no chão
Mas dentro do meu peito
o Outono parece não ter mais fim.

A ti…que és poema
E em silêncio agora me contemplas
Não olhes para mim
Com os teus olhos piedosos
Suplicando que deixe os meus versos
Pingarem no teu rosto…
Hoje não…
Deixa-me ser eu…
a egoísta desta vez
e que todas as lágrimas dos poetas
nasçam e renasçam vezes sem fim
na ponta desta caneta
até que exaustas na sua confissão
morram de tristeza.

Blue-5/04/07