quarta-feira, janeiro 31, 2007

Perfurei a lua cheia




Hoje sirvo ao teu silêncio

palavras cortadas num só golpe

na esperança que assim aguçadas

possam ficar bem atravessadas no teu pescoço.

Rápida… incisiva

e surpreendentemente letal

furo-te a alma

em meia lua ou em três quartos…

para mim tanto me faz!

Porque inteira…

hoje é que ela não fica!


Daniela Pereira-31/01/07


 

sábado, janeiro 27, 2007

Choro contido

 Não me digam que não posso chorar
Porque hoje vou contrariar
Qualquer sorriso que enfrente as minhas lágrimas...
Atravesso a lua de uma ponta à outra se for preciso
Só para com ele não me cruzar.
Ele vai compreender
que hoje nos meus lábios
até o sal é mais espesso que o mel
ao cair da minha boca.
Por isso não me digam que não posso chorar
E que a tristeza é sinal de fraqueza...
Porque hoje estou triste
e a ondulação que rebenta salgada no meu olhar
de tão forte faz naufragar até a calmaria de um rio.

blueiela

Freak On A Leash Featuring Amy Lee from Evanescence



quarta-feira, janeiro 24, 2007

Pelas palavras...eu juro!




Ato-me às palavras que escrevo

deixando-me sufocar aos poucos

e numa punição merecida

escrevo o que me chega à boca.

A noite está aqui ao pé de mim

e com o seu ar contemplativo

vai-me apalpando os dedos transpirados.

Enquanto ela lhes percorre a pele

desce-lhes em vão o suor

até à ponta das unhas

no esforço de me calarem os sentimentos no peito.

Mas eu não posso calar esta indignação

que me percorre a carne ate aos ossos

e se não a posso explodir com um pavio curto

então... faço-a em pedacinhos à minha maneira!

Hei-de vê-la rendida num canto qualquer do papel

suplicando que a poupe de um perdão

só pelo desejo de morrer mais depressa.

Por isso Noite...

Diz às tuas palavras mulatas

que mesmo com os dedos adormecidos de cansaço

ficarei com elas ate que chegue o teu fim.



Blueiela



 

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Prova oral


Não me sais da cabeça

Quando te sinto a fervilhar

Debaixo da língua...

És como um grão de pimenta

Que trinquei por engano

Mas queimas-me a saliva

Só como o desejo de te ter

Ardendo dentro da minha boca.

Deixas esta cabeça tonta

A andar à roda...

És como um espumante

E meio-seco

Vais transbordando

Pelos bordos curvos do meu corpo.

És pimentao- doce alcoolizado

Nesta prova oral...

Mas desconfio

Que poderias bem ser

um Rum cubano

quente e letal!

Assim te tornas quando te escoas de palavras

Na minha garganta

E deixas o silêncio

A baloiçar perigosamente

No canto da mesa.



Daniela Pereira-12/01/07


 

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Jazem num leito de papel...




Hoje doem-me as palavras…
Não me dói a carne ou os ossos
doem-me as palavras nas pontas dos dedos.
Pobres palavras
que destinadas a sofrer de dor na alma
jazem num leito de papel
tão fragilizadas e magoadas
a sangrarem 2000 gotas suicidas por minuto.
E tu, mundo sabes que eu não as quero
deixar sair assim
só porque elas reclamam
que aqui dentro de mim
o sangue está infestado pelas saudades que do teu amor sinto.

Daniela Pereira-5/01/07