segunda-feira, agosto 29, 2011

Ecos de um perfume...





Tenho saudades da urgência de querer escrever...

Das dobras no papel e dos dedos já cansados de expressões pedindo guarida na almofada.

Das ideias mal paradas na cabeça e da boca a salivar mais palavras como sobremesa.

Mas sem sentimentos não há palavras...só sobrevivem ecos inseguros

e as palavras que nascem por dentro são como rochas que nem o mar desfaz.

Vale a pena dizer o óbvio?

Vale a pena deduzir o passado numa folha como se o tempo pudesse ser vestido numa pintura?

Tenho saudades da urgência de querer escrever...

Do inclinar perante o peito aberto com os olhos a brilhar

mesmo quando um rio de sal neles se distingue...

O vento limpa-lhes o rosto e os olhos cristalinos por momentos podem ver e chorar ao pé do mundo.

Existem poetas que aprendem a moldar emoções

como se fossem grandes desafios

e existem poetas que vivem nas palavras noites de dor e de puro encanto.

Alguns mais cedo ou mais tarde perdem a voz e recusam a lição dos pássaros mergulhados num silêncio que só o Inverno conhece...

A Primavera deixa de ser bela e todas as estações são frias...

As folhas são como verdades juradas

que se espalham amargas pelo chão

e o Amor morre calado com a boca cheia de formigas.

Rasgamos mais uma folha e os sentimentos caminham sozinhos para o lixo.

Daniela Pereira

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