quinta-feira, abril 05, 2007

Até que as palavras morram de tristeza...


A ti …que és poema
E fazes do meu grito a tua voz
Confesso-me!
Não esqueço…
Não apago…
Não perdoo…
Que o mar seja sempre azul
Mesmo que nos meus olhos
Ele seja só um ponto cinzento
Difícil de avistar.
Não me lembro
Quem lhe roubou a beleza da cor…
Quem se atreveu
A dizer-me que os meus olhos sabiam a sal grosso
E que o mar
Tinha nas ondas
Uma mordaça para o meu pranto.
Não perdoo
Que o céu tenha nuvens carregadas
E que esconda as estrelas do meu olhar
Quando a noite em mim cai…
Não perdoo…
Que o mel que barrei em mil palavras
Seja saboreado como se fossem fel.
Não apago…
Todos os passos que dei às cegas e com o coração às costas…
Não esqueço…
Que não caminhei em círculos
Porque sei que em todos os momentos
Não tinha os pés no chão.
Estou certa que neles sempre voei
Então porque me iria esquecer
O que é ter asas num segundo ?

A ti… que és poema
E sabes que no luar me refugio
Confesso-me!
Não sonho…
Não sinto…
Não vejo…
Que o tempo seja a cura
Mas acredito
que os dias nascem e morrem a toda a hora.
Não sinto…
Que o coração tenha segredos
Que o corpo desconhece mas que a alma confia…
Mas confiei…
E ele parou na areia
E quis ver o mar de perto
E eu confesso
Que o levei lá.
Que não pensei
Que ele fosse sentir frio
Quando o verão o abandonasse
Para aquecer outras paisagens.
Não sonhei
Com jardins de folhas caídas no chão
Mas dentro do meu peito
o Outono parece não ter mais fim.

A ti…que és poema
E em silêncio agora me contemplas
Não olhes para mim
Com os teus olhos piedosos
Suplicando que deixe os meus versos
Pingarem no teu rosto…
Hoje não…
Deixa-me ser eu…
a egoísta desta vez
e que todas as lágrimas dos poetas
nasçam e renasçam vezes sem fim
na ponta desta caneta
até que exaustas na sua confissão
morram de tristeza.

Blue-5/04/07

1 comentário:

luadepedra disse...

Imensamente forte, verso a verso...uma cascata de sentimentos a desbravar emoções. Tu és relamente única, minha querida.

1 Bj*
Luísa