segunda-feira, abril 20, 2009

Gritar de tras para a frente...


Se eu não disser nada terei no silêncio a contenção de um tudo?


Sinto um amargo na boca e a voz desce dormente para o fundo da garganta...o choro rasga-me todos os gritos e no entanto ainda guardo sozinha um sorriso dentro de mim.
Que bela lutadora eu sou! Já bati nas paredes 4000 vezes e todas as nódoas se voltaram contra mim. Chamam-me estranho ser por querer perto de mim o que me faz bem...
Irreal e sonhadora por acreditar num sentir...estranha forma de vida um dia nasceu em mim.
Pega-me ao colo anjo invertebrado ..pega-me ao colo que estes passos já não me levam a lado nenhum...
Se eu rodopiar um pouco mais devagarinho,alinhas-me a alma que ficou fora dos eixos?
Às vezes posso jurar que vejo o mundo ao contrário...que os rios estão secos e que os jardins são todos de cimento.Que as flores são cinzentas e que as crianças correm apenas porque fogem dos papões...já não trepam às árvores nem fazem desenhos com as pedras do chão...
Que em todas as nuvens existe uma chuva por cair e que em todos os sois se escondem buracos negros para engolir num dia marcado toda a minha luz..
Não existem lágrimas que durem para sempre, nem amores que sejam sentidos em vão...mas existem vazios e corações molhados em todas as ruas do amor.
Há punhais por cima de todas as cabeças prestes a cair e apunhalar-te a beleza das memórias em cada hora que sai do relógio...
Há fitas vermelhas despidas dos cabelos e beijos esmagados nas mãos...
Há um mar que nos quer afogar e uma onda que nos salva incomodada pelo gosto doce que temos na pele..somos cuspidos para fora da revolução como se os lobos pudessem ser cordeiros mansos e as formigas soubessem como trazer a paz às guerras de um gigante...
Ai se os anjos fossem mesmo desprovidos de sexo poderiam viver eternamente a sentir o amor dos humanos..porque só ele em nós é imortal. O corpo é um pedaço de carne que a dor apodrece...imoral é deixar que a alma morra...

Daniela Pereira
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