quinta-feira, fevereiro 17, 2011

O dia em que eu achei que conseguia gritar mais alto na tua demência...


Queria escrever-te um poema

ou talvez escrever um poema em ti...

Podias ser uma folha em branco

mas há muito tempo que fiquei sem tinta para te preencher as lacunas.

Palavras cruzadas fiz no teu peito

com soluções por vezes até um pouco imorais...

mas todas as letras faziam sentido

assim escritas para dizer o que sinto

sem moralismos patetas presos ao corpo

nem deveres excessivamente carnais.

Tinha a liberdade de um anjo

que sobrevoa as tardes mais belas

sem nunca temer perder o seu Norte

mesmo rompendo a mais fétida escuridão.

E eu rompi tanta podridão em ti...

Fiz vulcões de cinzas gastas e calei-te as curas

sem me importar com a doença que te gritava na alma.

Queria escrever um poema

ou talvez ser um poema para ti...

Para aquele que ainda me vê de olhos abertos

e não me castra o coração.

E o dia em que eu achei que conseguia gritar mais alto na tua demência?

Era tão louca naquela inocência vã de lamber as feridas dos outros...

Soprava flores nos meus sentidos e sorria

deixando a tempestade ainda mais preta.

Daniela Pereira

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