terça-feira, abril 05, 2005

Ansiedade


Estou aqui imersa no silêncio
este fiel companheiro da alma .
Não tenho muito tempo para pensar
porque é mais fácil sentir no momento
e deixar a emoção abrir a porta
sem a ouvir bater com muita força no peito.

Então, espero com os lábios ainda despidos
que desamarrem as palavras amordaçadas
vistam esta boca de murmúrios suaves
e com sussurros floridos de primavera
refresquem-lhe a pele .
Esperar...

Eu espero...
Nunca gostei de conjugar este verbo na primeira pessoa.

Sofro de uma patética ansiedade
que gosta de me roubar a tranquilidade
facilmente conquistada
apenas com um minuto de silêncio...
um só minuto deste mundo de sons estagnado nos ouvidos.

Fico ansiosa, porque espero
e tenho pressa de alcançar,
de prender todos os segundos nos meus braços.
Quero saborear todos os momentos
sem desperdiçar nenhuma gota
nem que tenha que lamber esses minutos
que teimam em escoar nas bordas do tempo.

Enquanto a garrafa vai-se enchendo
de sorrisos e frases com hálito a mentol
eu deixo a ansiedade guardada no escuro
beijo todos os sonhos com a boca anestesiada de ternura
e espero com os olhos estampados no luar
que aquela estrela distante adormeça comigo.



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