quinta-feira, julho 27, 2006

Carta a um mundo filho da mãe



THE  FROG  KING-BY  DEVIANTART


Olho para a folha em branco sentindo que tenho tanto para lhe dizer, mas as palavras estão com dificuldade de sair. Parece que estão perras, e como portas velhas e ferrugentas vão rangendo por entre os dentes. Uma folha vazia se calhar saberá dizer mais sobre mim do que uma folha cheia de palavras absurdas e caóticas. Hoje as minhas palavras estão assim...absurdas nas ideias e caóticas nos actos que definem.
Penso e sobretudo penso, para quê pensar? Para quê procurar respostas debaixo dos tapetes empoeirados quando sabemos que as nossas perguntas já não são lógicas.
Acreditar? Em quê e em quem, se todos e mais algum acabam sempre por trair a tua confiança mais tarde ou mais cedo.Porque quer queiramos quer não o egoísmo existe dentro de qualquer ser humano e isso não mudará nunca mesmo que teimes em não sair da tua terra dos sonhos.
Ainda agora comecei a escrever e as palavras já me começam a enjoar, como um prato de sopa que comes a seguir ao outro só porque o servem na tua mesa e tu por educação tens o cuidado de não recusar mesmo tendo a barriga cheia. Enfias uma colherada para a boca e com o ar enjoado disfarçado finges apreciar o seu paladar.
É com esse mesmo ar dissimulado que eu olho para o espaço ainda por preencher nesta folha. Não tenho paciência para escolher as palavras...sinto a mente preguiçosa e são os dedos que comandam o vaivém do teclado. Dançam alucinados num chão pintado de preto e com passos rápidos e precisos marcam o compasso da sua dança.
Que se lixem as formalidades e o pudor, hoje apetece-me ser filha da puta nos gestos e cabra nos pensamentos. Não ter pena de ninguém, porque ninguém merece ser vítima desse sentimento humilhante. Não vou lavar os meus gritos com sabão rosa ,só porque eles me saem sujos e roucos da garganta.Quero-os mesmo assim...porcos e grosseiros porque eles nasceram no berço imundo da frustação e quem estiver na direcção deles que se proteja porque vai levar com eles em cheio na alma.
Vou usar palavras directas e vou cortar nos tempos de espera,como se este dia fosse dominado por um contra relógio de vida ou de morte...ou dizes o que eu quero ouvir ou podes cair fulminado pelos meus olhos porque eu não vou esperar que o meu tempo de sanidade chegue ao fim só porque quero ouvir o teu sim.
Sim...fizeste a escolha certa!...
Sim...esse era o caminho a seguir!...
Sim...fazes-me falta!...
Sim...preciso de ti!...
Porra, será tão difícil assim dizê-lo só porque não o sentes agora?
Tu que encantavas as almas penadas com promessas de um inferno melhor, já não sabes inventar uma chama? Quando é que perdeste esse teu dom?...não me apercebi devia estar distraída a inventar poemas inspirada nos anjos que sobrevoavam as minhas noites.

Ohhh mundo filho da mãe,quando é que desististe de mim?



blueiela-27/07/06

1 comentário:

Tata disse...

Achei seu blog muito bom!