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Doi-me o céu do meu corpo e alimentá-lo a estrelas cadentes já me enjoa...
Doi-me o jardim da minha alma e plantá-lo com nespereiras já não me mata a fome...
Sinto os sonhos a vomitarem por mim mesmo de estômago vazio..este chá arranha-me a garganta mas não sais para fora nem com um impulso vesicular...chove-me o coração por dentro em gotas de chumbo grosso.
Um analgésico para as dores, porque o corpo precisa!
Um analgésico para a alma porque desconfias da inteligência que te bate à porta e te diz..."cuida de ti" e loucos são os outros de quem sempre quiseste cuidar e hoje te chamam assim sem pensar em ti....
Doi-me a palavra que não disse com bolachas e chocolates a entupirem-me a boca...
Doi-me a palavra que disse com chá de limão na língua...
Doi-me a frase que deixei sair polvilhada a sal...
Soro açucarado para as veias porque o teu corpo desidratou...
Não há um soro açucarado para espetar em cheio no coração quando o dia amarga?....
Daniela Pereira in "Resíduos vesiculares"
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foto na galeria olhares: http://olhares.aeiou.pt/pequenoalmoco_foto2796643.html