quinta-feira, agosto 25, 2005

Uma rosa da rua e um homem só




Hoje encontrei no caminho
uma flor solitária.
Tinha um doce aroma a baunilha
e nas pétalas uns lábios vermelhos bem pintados.

Olhei para a desgraçada
presa no chão empedrado
e ela curvou-se na minha direcção
apoiada numa brisa delicada.
Medi-lhe os contornos
esticando o olhar até ao seu limite
e com o sangue fervendo
roubei-lhe o perfume do peito.

Sem pensar ...
aproximei-me da sua fragilidade
docemente encantadora
com as más intenções
ocultadas nos dedos cruzados.
Então, não resisti e toquei-lhe...

Toquei-lhe
para sentir o seu corpo de seda
num toque fugaz.
Depois espetei os dedos nos seus cabelos de espinhos
e bebi-lhe a alma com a boca molhada.
Quando a esvaziei por completo
ela desnudou a sua inocência só para mim
e com as mãos frias estendidas
implorou-me que comprasse
a rua onde caminha
com notas bordadas no vestido.

Daniela Pereira 25/08/05

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