sábado, outubro 06, 2007

Pulsações nocturnas...




Estás aí?

Sabes dizer-me
porque é que esta noite
este amor perdido
ainda doeu cá por dentro?
Porque é que o mundo
tão esperto e sabido...
não consegue sentir
o meu desespero
quando na minha cabeça
nascem poemas à toa
a cada segundo de escuridão?
Como dói...
não saber como pregar
folhas de papel no ar
e sentir que da respiração
não escorre tinta
porque a tua boca
nunca poderá segurar uma caneta.
E se me esqueço
de uma só palavra que seja?
Saberei amanhã
descrever com exactidão
o que me fez sentir esta dor...
Ou lamentarei ao acordar
por não lhe ter decorado o rosto?
Ainda ouves as minhas dúvidas...
ou pensarás tu
que és rei e senhor de todas as certezas!
E eu?
Quanto tempo mais
ficarei aqui...?
Assim...agarrada às 24 horas do relógio
a dar murros na cama...
à procura de uma navalha
esquecida debaixo do travesseiro...
Quero ver se a lâmina
faz feridas na pele
se eu ousar virar a carne do avesso
Pára de chorar!
Digo eu...a mim mesma
revoltada com as lágrimas
que desperdiço para o chão.
Pára de chorar aí dentro...
Grito eu para o coração
que se agita no peito...
Não sabes,
que lá fora
só existem bocas a sorrir?
O amor é uma dávida
e quem ama vive contente
diz o mundo apaixonado
com o Sérgio Godinho nos olhos...

Então...
Porque sentes
que ter amado intensamente não chegou
para matar a tua tristeza!
Que tanto amor inventado
e tantas formas de amar por ti descobertas
foram todas em vão...
A felicidade não te ama...
seduz-te e faz-te carinhos
mas vive com molas amarradas aos pés...
porque logo te abandona
num salto.
Mas como pode ela abraçar-se a ti?
Se nos teus olhos
nunca ninguém viu o pulsar da tua alma...


Daniela Pereira
Direitos Reservados

2 comentários:

milhafre disse...

... estou...
estaria...
se desse facto dependesse o teu sorrir..
se qualquer coisa de vento te elevasse...
se qualquer eco desse novo turpor ao teu grito...
se a dor parasse...
mas não sou a causa de todo esse desalinho...
no fundo talvez partilhe contigo a mesma angustia de um quarto vazio... de uma cama vazia...
de um não sei que de coisas que me escapam dos dedos por dizer..
quem sabe se falta de redes e de amarras para a imaginação...
quem sabe falta do que.

Falei disto no meu post solidão, falei disto em tantos outros posts no blog... falo dizto mesmo quando calo... mesmo quando ouso... mesmo quando grito.

O que é preciso.. o que é urgente .. é pensares em ti... se é que é de ti que falas como guardadora da tua luz... senhora dos teus rumos... vais ver que a tempestade logo logo se acalma cá dentro..
logo logo o sonho volta a surgir.

à parte das dores... tenho de dizer-te que adorei a incisão das tuas palavras, a precisão expontánea com que escreves.. a certeza com que te atreves a sentir.

força

blueiela disse...

Pedro :)

Obrigado pelas tuas palavras e pela tua poesia...
Continua a brindar o mundo com a serenidade dos teus gritos...



beijos

daniela