quarta-feira, agosto 12, 2009

É facil amar...o dificil é sentir que amamos...





Os dois lados do Amor e meio poema por escrever...

O lado bom do Amor...falar do lado bom do Amor é como falar de todas as coisas no mundo como sendo perfeitas.
Quando se ama até os defeitos nos convencem...porque simplesmente não há defeitos no amor...os erros são pequenos...os esquecimentos perdoáveis e todas as atitudes parecem já vir munidas de aceitáveis explicações que se aceitam alegremente...
A chuva é doce...o sol um saboroso pingo de mel...a Primavera é a estação dos amantes e dos rouxinóis...
As manhãs são adoradas e as noites mais desejadas do que nunca...
Um respirar faz-nos sorrir...um suspirar do outro ao nosso lado enche-nos de emoção..é quase um milagre partilhar um momento assim,mesmo que ninguém veja o nosso sorriso porque já dormem tranquilos...
O medo faz-nos lutar como feras e o desconhecido converte-nos em excepcionais aventureiros que nada temem...
O nosso sorriso é parvo e cola-se aos nossos lábios de 24 em 24h sem períodos para folgas ou descansos..como a nossa boca trabalha feliz quando fabrica um beijo!
O amor quando sorri para nós dá-nos a imortalidade...porque se morrermos abraçados é certo que subiremos aos céus...

E quando o Amor fica negro e o lado mau do sentimento vem ao de cima galgando a escuridão?
Falar do lado mau do Amor...é como falar de nada e de coisa nenhuma,porque já nada ali acontece...é dividir o que o Amor um dia uniu...é cortar em pedaços o corpo já sentido por inteiro...é vê-lo deformado em qualquer espelho..é quebrá-lo e imaginar os anos de angústia que nos vão olhar de frente.
Quando já não há amor, só os defeitos nos prendem a atenção..Tudo se nota! Aquela pequena nódoa caída no peito que antes não estava ali..aquela dúvida nojenta que ficou sem resposta..aquela culpa malvada que adoptamos como nossa e provavelmente não será a culpa de ninguém...
Os erros surgem demasiados grandes e já não se medem aos palmos...o mínimo deslize é desculpa para uma tempestade nos encerrar todos os caminhos que iam dar á luz e passamos a viver como morcegos..ávidos pela escuridão porque a claridade fere.
A chuva é fria...cai gelada nos ossos..o sol parece que perde o calor...o Inverno é a estação das despedidas e de todos os silêncios que crescem gordos e satisfeitos com os restos de uma separação.Aqui jazem os abutres e os corações abertos devoram!
As manhãs acordam com os olhos inchados e as noites são amaldiçoadas...trazem memórias e confusão.
Respirar é um alívio..por vezes pensamos que a escuridão até nos pode sufocar...ficamos hipocondríacos da dor e pedimos para encontrar o ar que gastamos nos gritos ao vazio.
O suspirar é a nossa língua quando enterramos os olhos no chão ao pé dos nossos ossos. Descobrimos que afinal temos fé e queremos acreditar...
O medo arrepia-nos e incrivelmente tudo nos mete medo...até a pequenez da nossa sombra..paralisamos quase sempre..damos um passo atrás onde o chão estava seguro. O desconhecido causa ansiedade e já não desejamos mais surpresas...
O nosso sorriso é puro...porque é raro. É quase uma jóia preciosa que só brilha lá no fundo quando ninguém a vê. Temos medo que alguém leve o nosso sorriso outra vez e o abandone bem longe de nós...Disfarçamos as nossas riquezas atrás das lágrimas e semblantes tristes ..baixamos as bocas em sinal de respeito pelos sorrisos que já nos foram roubados. O Amor foge...
Como a nossa boca por vezes já nem sabe o que fazer...bocejamos aborrecidos e apáticos mordendo os lábios até sangrar para a saliva recuperar uma percentagem do seu gosto.
O Amor quando chora põe os olhos na Morte e sente-a por perto quando se desfaz em lágrimas e ninguém o escuta..estende a mão e ela volta vazia..
Aqui descobrimos que somos mortais e que deuses são os outros...a felicidade foge se não a agarrarmos com força sem a pouparmos da liberdade.
É a mais incrível descoberta...não queremos morrer sozinhos...


Daniela Pereira in O Amor é uma invenção por acabar
Direitos Reservados

3 comentários:

paula vicente artfactu disse...

Que dizer? Já o fizeste...BRUTAL!

Paulo César disse...

Poemeto a contragolpe
(Hemingway, suicídio no ano de 1961)


virá pela calada o caçador furtivo
virá de Idaho o faisão mutilado

(uma história comovente de hiatos malvados)

virá pelo seu próprio pé o coxo
um tiro de espingarda no sol coacto

um pé-de-cabra a rasgar surdamente o rosto

virá de Deus a mâo?

P. César

Luís Miguel disse...

o amor é mesmo uma invenção por acabar.

e acabamos tantas vezes
para voltar a começar

dia-após-dia
beijo após beijo
solidão atrás de cada solidão