Meditação...
Inspiramos o ar frio das manhãs, para refrescarmos algum fogo interior, que nos consuma a paciência.
Expiramos vapor de água, em forma de lágrimas mais salgadas, para arrefecer os vulcões da alma.
Inspiramos risos como baratas tontas, porque é suposto para o mundo sorrir.
Às vezes, não encontramos facilmente motivos para sorrir, mas empurramos os lábios para a frente da batalha,
com uma bandeira vermelha e os dentes muito brancos.
Expiramos gargalhadas , orgulhosos pela genuinidade da nossa graça, mas sabemos que ninguém a ouviu.
Mas amamos ser palhaços dos outros.
Inspiramos as flores pelas narinas, como quem inspira droga.
Ficamos viciados pelos seus perfumes e expiramos ondas de carinho a cada passo do caminho.
Inspiramos amor pelos povos e pela natureza, como quem deseja preservar um planeta inteiro.
Expiramos inundações nos rios
e terramotos nos peitos, quando percebemos que para o universo,
não somos mais do que formigas a investir ,no mesmo carreiro.
Inspiramos gentileza pelos poros dos nossos braços...
Como quem confia na certeza de um prolongado abraço.
Mas continuamos a expirar de mãos vazias o apocalipse dos nossos traços.
No princípio de todas as coisas, está o fim de outras tantas...
Pelo meio expiramos vida educadamente.
Quando já não temos forças para tanta inspiração...
Meditamos o mundo com a boca toda fechada.
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